Mundo

UE manifesta “apoio firme à independência da Ucrânia” e pede que Rússia a respeite

A União Europeia (UE) manifestou hoje “apoio firme” à independência da Ucrânia, pedindo à Rússia que a respeite, após o país ter criado uma lei que agiliza os pedidos de cidadania russa por ucranianos em áreas dominadas por separatistas.

“A UE continua firme no seu apoio à independência, soberania e integridade territorial da Ucrânia”, salienta a porta-voz da UE para a política externa, Maja Kocijancic, numa nota hoje divulgada.

Recordando os protocolos internacionais que levaram ao fim dos confrontos em larga escala no Leste da Ucrânia entre forças do país e separatistas pró-russos, a responsável afirma esperar que “a Rússia se abstenha de ações que são contra os acordos de Minsk e [que] impedem a plena reintegração de áreas não controladas pelo governo na Ucrânia”.

“Todas as partes devem cumprir, na totalidade, os compromissos assumidos nos acordos de Minsk”, avisa Maja Kocijancic.

Em causa está um decreto assinado na quarta-feira pelo Presidente da Rússia, Vladimir Putin, que pode destruir a esperança de paz na região.

Em reação à medida, Maja Kocijancic vinca que este é “mais um ataque à soberania da Ucrânia pela Rússia”.

“O momento de tal decisão, imediatamente após a eleição presidencial na Ucrânia – que demonstrou o forte apreço da Ucrânia pela democracia e pelo Estado de direito – mostra a intenção da Rússia de desestabilizar ainda mais a Ucrânia e agravar o conflito”, lamenta a responsável.

O decreto publicado na quarta-feira no portal do Kremlin na Internet indicava que os ucranianos que vivem nas regiões do Leste, em Donetsk e Luhansk, com forte implantação de movimentos separatistas, poderão ver os seus pedidos de cidadania russa tratados em menos de três meses.

As especulações sobre esta decisão ensombraram toda a campanha eleitoral para as Presidenciais ucranianas, que decorreram no domingo passado, mas tudo indicava que o Kremlin apenas a aplicasse se o líder incumbente, Petro Poroshenko, tivesse vencido.

Contudo, Poroshenko foi derrotado pelo comediante de televisão Volodymyr Zelensky, que deverá ser empossado no próximo mês e que tinha anunciado como uma das suas prioridades para o seu mandato acabar com a guerra com a Rússia, que já matou mais de 15 mil pessoas.

A decisão anunciada por Putin pode desencadear uma escalada de tensões na região separatista ucraniana, diminuindo a possibilidade de um processo de paz, como era desejo do futuro Presidente da Ucrânia.

Na campanha eleitoral Zelensky não foi tão belicoso como era Poroshenko, relativamente à Rússia, e falou por várias vezes na intenção de encontrar uma solução pacífica para a zona de controlo separatista.

Ao contrário de outros líderes mundiais, Vladimir Putin ainda não congratulou Zelensky pela sua vitória, alegando que os resultados eleitorais ainda não são definitivos.

Depois de anexar a Crimeia, a Rússia tem procurado apoiar os rebeldes separatistas no leste da Ucrânia, mas tinha suspendido as suas intenções de reconhecer a sua independência ou, até agora, de oferecer cidadania russa aos moradores dessa região.

Em destaque

Subir