Ministro da Energia da Ucrânia revela que o país não bombeará mais gás russo, como retaliação da medida do aumento do preço da matéria-prima. Os depósitos ucranianos abastecem a Europa e registam uma preocupante queda dos níveis de gás.
“A partir de hoje, não bombeamos mais gás”, garantiu Yuri Prodan, ministro da Energia da Ucrânia. A decisão surge após a recente tomada de decisão de Moscovo, que suspendeu as reduções de preço, acordada há três meses, com o anterior governo.
Com o fim do bombeamento de gás por parte da Ucrânia, está em causa o abastecimento da Europa, já que os depósitos de gás subterrâneos abastecem diversos países.
O novo preço definido pela Rússia atinge 362 euros por mil metros cúbicos. Kiev não acata este aumento e recusa-se a pagar as faturas em dívida. O abastecimento do mês de março não foi pago pelos ucranianos.
Yuri Prodan dá conta de uma dívida de 398 milhões de euros. Mas Kiev só aceita pagar o valor acordado com o anterior governo. A empresa russa Gazprom é detentora do monopólio do mercado.
A Rússia já alertou para a “preocupante queda dos níveis de gás natural nos depósitos subterrâneos ucranianos”, onde se reserva o gás para a Europa. E a Gazprom também já fez saber que no próximo inverno poderá escassear a matéria-prima.
Recorde-se que a Ucrânia foi obrigada a pagar à Rússia mais 40 por cento pelo gás, cessando o desconto que a empresa russa Gazprom concedia àquele país, em dezembro passado, ainda com o anterior governo em funções e antes da destituição de Viktor Ianukovich.
Trata-se de uma medida de retaliação russa contra a mudança política na Ucrânia, que não agrada a Moscovo. Num comunicado, assinado pelo CEO da empresa, foi anunciado este aumento do custo do gás.
“Nos termos do atual contrato sobre o fornecimento de gás, o preço para a Ucrânia será, no segundo trimestre, de 385,5 dólares [280 euros] por mil metros cúbicos”, revela Alexeï Miller, numa nota citada por diversas agências e divulgada pela Lusa.
O governo da Ucrânia já avisara a Rússia – logo após o anúncio do termo de todos os descontos aplicados aos ucranianos – de que não aceitaria pagar “mais de 387 dólares por cada mil metros cúbicos de gás importado”.
Esta medida é uma imagem da divisão entre russos e ucranianos, ainda que aquele desconto acordado com a Gazprom, para fornecimento de gás, tenha previsto uma revisão trimestral, quando foi rubricado, em dezembro.
No entanto, a empresa de energia justifica esta revisão do preço com a dívida da Ucrânia, que terá atingido os 1,2 milhões de euros.