Este estudo, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), é um contributo importante para o processo em curso de conservação florestal e restauração do Parque Nacional da Gorongosa.
Desde logo, explica Susana Rodríguez-Echeverría, “porque até agora não havia qualquer informação sobre as comunidades de fungos micorrízicos presentes no parque, informação esta que é fundamental para ajudar na gestão eficaz dos ecossistemas no seu todo”.
Os fungos micorrízicos são fungos que têm uma associação mutualista com as raízes, isto é, criam uma relação vantajosa para ambas as partes, fornecendo nutrientes para o crescimento das plantas e protegendo-as, por exemplo, de pragas.
Estes fungos estão, portanto, na base do funcionamento de qualquer ecossistema terrestre. Ajudam ao estabelecimento e crescimento das plantas e à produção de sementes que são fundamentais para a manutenção e regeneração da vegetação.
Ao longo dos últimos três anos, os investigadores recolheram e analisaram amostras do solo dos diferentes tipos de paisagens mais representativas do Parque Nacional da Gorongosa, entre as quais pradaria, savana e florestas densas, tendo concluído que existe uma alta diversidade de fungos micorrízicos no solo e que, ao contrário do que a comunidade científica pensava, cada paisagem tem uma comunidade de fungos própria, sendo que a diversidade de microrganismos nas florestas é muito maior que na pradaria ou savana.
“Por um lado, a destruição dos ecossistemas naturais pela pressão humana, nomeadamente da agricultura, irá ter um impacto muito forte na diversidade do solo e na regeneração da vegetação do Parque Nacional da Gorongosa. Por outro lado, esta informação reforça a necessidade de manter uma paisagem complexa que contenha mais diversidade, sendo portanto mais resiliente para que o sistema não entre em falência”, explica Susana Rodríguez-Echeverría.
“A informação obtida no nosso estudo é mais uma importante peça para o complexo puzzle da biodiversidade do parque, contribuindo para uma gestão informada e esclarecida por forma a garantir a sustentabilidade global dos ecossistemas”, conclui a investigadora da FCTUC.
O estudo, publicado na New Phytologist, revista científica da área da ecologia em ciências vegetais, abre caminho para perceber como se relacionam as diferentes comunidades de fungos micorrízicos e os fatores que afetam a sua distribuição e diversidade no “mosaico” de paisagens do Parque Nacional da Gorongosa.
A equipa pretende ainda estudar as 22 novas espécies de fungos descobertas ao longo do trabalho.
Veja o vídeo:
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