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Twitter bane propaganda dos ‘media’ controlados pelo Estado após suspender contas associadas à China

A rede social Twitter informou hoje que não aceitará mais “propaganda de órgãos de imprensa controlados pelo Estado”, condenando comportamentos “manipuladores”, depois de anunciar que suspendeu quase mil contas associadas ao regime chinês.

“Comportamentos ocultos e manipuladores não têm lugar no nosso serviço – eles violam os princípios fundamentais sobre os quais a nossa empresa foi construída”, defendeu o Twitter, em comunicado.

Na mesma nota, o grupo detalha que aquela medida não abrange órgãos independentes financiados pelos contribuintes ou que apenas se dedicam a conteúdo de entretenimento, desporto e viagens.

Pequim, que há muito se queixa que a imprensa ocidental domina o discurso global e alimenta preconceitos contra a China, investiu nos últimos anos milhares de milhões de dólares para convencer o mundo de que o país é um sucesso político e cultural.

Twitter ou Facebook têm sido parte central dessa estratégia, apesar de estarem bloqueados na China, onde a narrativa é controlada pelo Partido Comunista, cujo Departamento de Propaganda emite diretrizes para os órgãos de comunicação ou censura informação difundida nas redes sociais domésticas, como o Wechat ou Weibo.

Vários órgãos de comunicação estrangeiros estão também bloqueados na Internet chinesa, a maior do mundo, com cerca de 710 milhões de utilizadores.

No mesmo dia, o Twitter anunciou a suspensão de 936 contas originárias do continente chinês, que “deliberada e especificamente tentavam semear a discórdia política em Hong Kong, inclusive minando a legitimidade e as posições políticas dos manifestantes”.

A empresa disse que suspendeu as contas com base em “evidências confiáveis” de que se tratava de uma “operação coordenada pelo Estado”.

Também o Facebook disse que iniciou uma investigação, após receber informações do Twitter, e removeu cerca de 15 páginas, grupos e contas que estavam “associados ao Governo chinês” e também “focados em Hong Kong”.

A antiga colónia britânica vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

Os órgãos de Pequim, incluindo a agência noticiosa Xinhua ou os jornais China Daily e Diário do Povo, têm coordenado uma campanha nas redes sociais visando caracterizar as manifestações em Hong Kong como tumultos violentos perpetuados por separatistas pagos por forças externas.

A cobertura diária na imprensa chinesa mostra imagens de manifestantes a atirar tijolos, provocar a polícia e a cercar esquadras.

Imagens de demonstrações pacificas, que têm reunido centenas de milhares de pessoas, de alegados abusos pelas autoridades, ou até as reivindicações dos protestos, são omitidas.

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