O Presidente dos Estados Unidos promulgou uma lei que impõe sanções aos investidores estrangeiros do gasoduto Nord Stream-2, projeto que pretende transportar gás natural da Rússia para a Alemanha e que está envolvido numa disputa económica e geopolítica.
Donald Trump e o seu elenco governativo aprovaram, na sexta-feira, esta lei com a justificação que o gasoduto Nord Stream-2 aumentará a dependência do gás russo por parte dos europeus, e desta forma fortalece a influência de Moscovo no continente.
A Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso norte-americano) aprovou, na semana passada, um projeto-lei que prevê a aplicação de sanções a empresas e a investidores estrangeiros envolvidos no projeto do Nord Stream-2.
Na terça-feira, o Senado (câmara alta do Congresso) aprovou o mesmo projeto-lei, que foi agora assinado pelo Presidente dos Estados Unidos.
A administração norte-americana terá 60 dias para identificar as empresas e os investidores estrangeiros envolvidos no gasoduto, revogar os respetivos vistos norte-americanos e congelar os respetivos ativos.
O chefe da diplomacia alemã, Heiko Maas, já tinha reagido à intenção norte-americana, tendo classificado a medida como “inaceitável”.
o porta-voz do Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a medida de Washington viola o Direito Internacional, reafirmando a intenção de Moscovo de concluir o projeto, independentemente das sanções norte-americanas.
O gasoduto Nord Stream-2 começa na Rússia e passa por áreas marítimas da Finlândia, Suécia, Dinamarca e da Alemanha, antes de alcançar a costa alemã.
O plano é transportar gás natural diretamente da Rússia para a Europa, num trajeto de cerca de 1.200 quilómetros.
O Nord Stream-2 terá a capacidade para transportar 55 mil milhões de metros cúbicos de gás natural por ano.
O projeto do gasoduto tem sido alvo de críticas por parte da administração Trump, que quer exportar o seu gás natural liquefeito (gás natural em estado líquido) para a Europa, e de vários países europeus, que argumentam que o Nord Stream-2 vai aumentar a dependência da Europa da Rússia ao nível do fornecimento de energia.
O gasoduto – já construído em mais de 80 por cento – permitirá a Moscovo duplicar as entregas de gás natural russo na Europa, em especial na Alemanha.
Embora o gasoduto seja propriedade do fornecedor russo de gás Gazprom, metade do investimento canalizado para o projeto, cerca de oito mil milhões de euros, é assegurado por cinco empresas europeias das áreas da energia e dos produtos químicos, como é o caso da alemã BASF, da anglo-holandesa Shell e da francesa ENGIE.
Também a Ucrânia tem alertado para as repercussões, nomeadamente geopolíticas e económicas, do gasoduto Nord Stream-2.
O projeto contorna o território ucraniano, o que significa que Kiev ficará privada de uma fonte financeira substancial e que perderá poder de influência face a Moscovo.