Economia

Tribunal de Contas chumba números dos hospitais de Lisboa Norte

Uma auditoria ao Santa Maria e Pulido Valente, os dois hospitais do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN), detetou várias irregularidades nas contas de 2014. Daí resultou “um juízo desfavorável” do Tribunal de Contas (TdC), refere a Lusa.

O relatório da auditoria, hoje publicado, aponta a existência de irregularidades como contas inscritas inapropriadamente, dívidas para pagar e um resultado líquido pior do que o registado.

“As demonstrações financeiras do centro hospitalar estão afetadas por distorções materialmente relevantes”, condena o TdC, que em consequência deu “um juízo desfavorável sobre as contas” do CHLN.

Em 2014, as contas feitas pelo conselho de administração do CHLN indicavam um resultado líquido negativo de 2,3 milhões de euros: na verdade, o exercício deu um prejuízo de 27,9 milhões, calcularam os auditores.

“Nesse ano, apesar de ter beneficiado de subsídios à exploração no total de 44,2 milhões de euros, atribuídos a título de verba de convergência, o centro hospitalar tinha capitais próprios negativos de -21 milhões de euros, ou seja, estava em falência técnica”, sustenta ainda o relatório.

Segundo o Tribunal de Contas, o Centro Hospitalar Lisboa Norte “apresenta um desequilíbrio económico-financeiro estrutural acentuado, em resultado de não produzir cuidados de saúde suficientes para a sua estrutura de custos, que tem vindo a ser coberto pelo Estado através da injeção periódica de meios líquidos, designadamente através de aumentos de capital estatutário ou da atribuição de verbas de convergência que são subsídios à exploração”.

Em três anos (de 2012 a 2014), o Estado injetou nos dois hospitais cerca de 69,1 milhões de euros a título de verbas de convergência e 87,5 milhões de euros através de aumentos de capital.

Outro problema dos hospitais Santa Maria e Pulido Valente é pagar bem mais do que qualquer outro hospital do Serviço Nacional de Saúde em produtos farmacêuticos e fornecimentos e serviços externos por doente padrão: “931 euros e 456 euros, respetivamente”.

O prazo médio de pagamento aos fornecedores aumentou 26 dias face a 2013, refere ainda a auditoria, com mais de metade da dívida a entidades públicas (57 por cento) a terem já mais de dois anos.

Há faturas que remontam ao ano de 1995, descobriram os auditores.

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