O Tribunal de Beja pediu ao serviço de psiquiatria do hospital da região alentejana que fosse realizada uma perícia médico-legal psiquiátrica… a uma pessoa falecida.
O caso foi tornado público pela psiquiatra Ana Matos Pires que, enquanto profissional de saúde, julgava já ter visto tudo, ou quase.
“Ó pá, ó pá, ó pá, esta nunca me tinha acontecido. Um ofício de um tribunal a perguntar-me se será possível ir fazer uma avaliação pericial psiquiátrica a… um morto”, revelou numa nota na rede social Facebook.
Já durante este mês de janeiro, a médica ficou surpreendida quando recebeu um pedido do Tribunal de Beja a solicitar apoio especializado para a realização de uma perícia médico-legal psiquiátrica, num processo de herança.
Até aqui… tudo normal. O insólito aconteceu quando verificou que seria para realizar o ato clínico a uma pessoa falecida.
De resto, tinha indicações exatas da campa do falecido e o respetivo cemitério.
A pessoa falecida em 2016 viu a sua herança contestada em Tribunal e a justiça procura agora dados para cumprir o caso.
A médica explica que é possível realizar-se autópsias psiquiátricas, normalmente pedidas em casos de suspeita de suicídio. Porém, neste caso, foi pedido “muito especificamente” uma “perícia médico-legal psiquiátrica”, que custa sensivelmente 400 euros aos cofres da justiça e que iriam para os cofres do hospital.
Perante tão insólito pedido, a médica Ana Matos Pires respondeu de forma simples: “Obviamente não é possível”.
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