O Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa aplicou hoje prisão preventiva para cinco dos oito detidos na segunda-feira no âmbito do processo das armas de Tancos, e três vão sair em liberdade, informou à Lusa um dos advogados.
Carlos Melo Alves disse que, dos arguidos que saem em liberdade, dois estão sujeitos a termo de identidade de residência e um fica proibido de se ausentar do país ou contactar com outros arguidos.
“Estão indiciados por participar no furto de Tancos, embora nenhum esteja indiciado por terrorismo internacional”, afirmou o advogado de dois arguidos, dos quais um fica em prisão preventiva e outro sai em liberdade.
A Polícia Judiciária deteve na segunda-feira oito pessoas e realizou dezenas de buscas na zona Centro e Sul do país no âmbito do caso Tancos, por suspeitas de crimes de associação criminosa, furto, detenção e tráfico armas.
Em comunicado, a Polícia Judiciária (PJ) adiantou que esta operação decorre de um inquérito na qual se investigam as circunstâncias em que ocorreu o furto de material de guerra, entre a noite do dia 27 e a madrugada do dia 28 de junho de 2017, no Paiol de Tancos.
Em causa estão factos suscetíveis de integrarem crimes de associação criminosa, furto, detenção e tráfico de armas, terrorismo internacional e tráfico de estupefacientes.
Na operação com o nome “Operação Húbris II” participaram três magistrados do Ministério Público e 85 investigadores e o inquérito corre termos no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).
O Ministério Público é coadjuvado pela Unidade Nacional Contra Terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária, que conta com a colaboração de diversas unidades da PJ.
O furto do material militar, entre granadas, explosivos e munições, dos paióis de Tancos foi noticiado em 29 de junho de 2017.
O caso do furto de armas em Tancos ganhou importantes desenvolvimentos em 2018, tendo sido detidos, numa operação do MP e da PJ, sete militares da Polícia Judiciária Militar (PJM) e da GNR, suspeitos de terem forjado a recuperação do material em conivência com o presumível autor do roubo.
Entre os detidos está o diretor da PJM e um civil (que já foi militar), principal suspeito da prática do furto, encontrando-se ambos em prisão preventiva, num caso que levou à demissão de Azeredo Lopes do cargo de ministro da Defesa e cujas implicações políticas levaram à criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, que ainda não começou com as audições.
Em setembro, após a investigação do Ministério Público à recuperação do material furtado, designada “Operação Húbris”, que levou às detenções, foi anunciada pelo CDS a comissão de inquérito, aprovada apenas com a abstenção do PCP e do PEV.
A comissão tem o prazo de 180 dias, até maio de 2019, prorrogável por mais 90, para chegar a conclusões.
A comissão de inquérito ao furto de material de militar de Tancos vai reunir-se duas vezes por semana e começa as audições às 63 personalidades em janeiro.
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