Cultura

Três anos para fazer uma Portugal Film Commission, sem “margem para erros”

A recém-designada Portugal Film Commission terá três anos para definir um modelo de gestão e, ao mesmo tempo, promover o país como destino de filmagens, em ritmo “contrarrelógio” e “sem margem para erros”.

Quem o diz, em entrevista à agência Lusa, é Manuel Claro, coordenador executivo do subprograma Media, do Centro de Informação Europa Criativa, e que acaba de ser nomeado responsável pela Portugal Film Commission.

A poucos dias de assumir funções como ‘film commissioner’, a partir de 01 de junho, Manuel Claro, 40 anos, explicou que será ele o rosto de uma estrutura que tem a missão, a nível internacional, de promover “Portugal enquanto destino de filmagens” e, internamente, facilitar os pedidos de rodagens de produtores portugueses e estrangeiros.

Ao mesmo tempo, neste mandato até 2022, Manuel Claro, coadjuvado por Inês Queiroz como diretora executiva, terá de “estudar, sugerir, propor um modelo de instituição e de governação para uma estrutura permanente da Portugal Film Commission”.

“Temos margem zero de erro e é uma luta contra o tempo”, admitiu, tendo em conta que Portugal “chega um bocadinho mais tarde” a este universo internacional das ‘film commission’, em que “a competição é fortíssima”.

Nos últimos anos têm surgido várias ‘film commission’ em Portugal, a nível regional, privadas ou ligadas a autarquias, que têm captado a atenção de produtoras internacionais para a rodagem de filmes, séries, anúncios publicitários, a troco de isenções de taxas ou outras compensações financeiras.

No entanto não existia, até agora, uma estrutura de âmbito nacional que respondesse pelo país, de forma nacional, a solicitações internacionais.

A criação da Portugal Film Commission, que ficará na dependência da Cultura e do Turismo, era um objetivo há muito traçado e que atravessou mais do que um governo, mas surge agora formalizado numa altura em que está já em funcionamento o programa de incentivo fiscal à captação de filmagens.

O sistema funciona ligado ao Fundo de Apoio ao Turismo, Cinema e Audiovisual e quem se candidatar terá de fazer um investimento mínimo de 500 mil euros em território nacional, no caso de filmes rodados em Portugal, e de 250 mil euros, no caso de trabalho de produção.

Este fundo permite um reembolso até 30 por cento das despesas dos projetos, num espaço de cerca de 20 dias, mediante determinados critérios.

“O ‘cash rebate’ português é de facto muito competitivo, porque as percentagens de financiamento são interessantes e pelo prazo de resposta que damos. (…) Temos um bom grupo de mecanismos de financiamento, bastante diversificado. Não temos milhões e milhões [de euros], mas temos diversas linhas de financiamento e se as produções internacionais optarem por coproduções, abrem-se outras janelas”, disse Manuel Claro.

A secretaria de Estado do Turismo e o Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA) estiveram há dias no festival de cinema de Cannes a apresentar este sistema de incentivos, que já apoiou 26 projetos, entre os quais “Frankie”, filme de Ira Sachs, rodado integralmente em Portugal e com equipas técnicas portuguesas.

Manuel Claro considera que existem bons técnicos no setor do cinema e audiovisual e que “as empresas portuguesas estão capacitadas para dar resposta”, podem crescer e beneficiar de um aumento de pedidos de filmagens em território nacional.

“Isto é um trabalho em contínuo. Não vai sair daqui de repente uma fila à porta do ICA com o Woody Allen, o Ridley Scott, o [Steven] Spielberg. É um processo que terá de ser trabalhado e não tem margem de erro, não podemos falhar”, sublinhou.

Em termos internacionais, a Portugal Film Commission quer estar presente em mercados e eventos considerados essenciais nesse trabalho de divulgação dos fatores de atratividade do país: Os festivais de cinema de Berlim e Cannes, o Mipcom, também em Cannes, mas mais vocacionado para conteúdos audiovisuais, e eventos nos Estados Unidos, Canadá, Brasil e Índia.

“Não tenho a presunção de achar que todos os mercados vão correr excecionalmente bem. (…) Mas resultarão sempre no sentido de dar a conhecer”, disse.

Até 2022, Manuel Claro e Inês Queiroz terão a Portugal Fillm Commission a cargo, com um orçamento anual de cerca de 900 mil euros para consolidar esta estrutura, uma equipa autónoma e apoio técnico, dentro do Instituto do Cinema e Audiovisual.

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