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“Trabalho infantil encapotado”, diz ex-ministra da Educação sobre cursos vocacionais

Numa análise a 40 anos de educação em Portugal, Maria de Lurdes Rodrigues considerou os cursos vocacionais como “trabalho infantil encapotado”. Em entrevista, a ex-ministra realçou que “as empresas não podem ser responsabilizadas pela educação das crianças”.

Uma antiga ministra da Educação deixou alguns sérios avisos sobre os cursos vocacionais, em forma de questões: “estamos a mascarar o trabalho infantil com um ensino supostamente vocacional? E desde quando é que as empresas têm vocação de ensinar?”

Maria de Lurdes Rodrigues, que tutelou a pasta durante o Governo de José Sócrates, apresenta hoje o primeiro volume do livro ‘40 Anos de Políticas da Educação em Portugal: A Construção do Sistema Democrático de Ensino’, mostrando-se bastante crítica em relação aos últimos desenvolvimentos no sector.

A ex-governante não tem dúvidas. “Estamos a mascarar o trabalho infantil com um ensino supostamente vocacional”, afirmou, numa entrevista ao Público a propósito do lançamento da obra.

A principal crítica da ex-ministra da Educação está nos novos cursos vocacionais, que definiu no livro como “vias vocacionais marginais”.

“Eu ainda vivi as políticas públicas de combate ao trabalho infantil. E agora estamos a mascarar o trabalho infantil com um ensino supostamente vocacional? E desde quando é que as empresas têm vocação de ensinar? A instituição que o país criou para ensinar e acolher os jovens foi a escola, não as empresas”, argumentou.

A solução não é encaminhar os alunos do insucesso para as empresas ou para vias que são marginais. Isso é uma via de facilidade que vai comprometer o nosso futuro e o dessas crianças. As empresas têm outras missões, podem ajudar a escola, podem ter estágios, mas não podem ser responsabilizadas pela educação das crianças. Vamos voltar a um trabalho infantil encapotado”, reforçou Maria de Lurdes Rodrigues.

A ex-governante insistiu nos argumentos: “como temos um elevado nível de insucesso escolar, somos muitas vezes tentados por soluções que não o são. Resolver o problema do insucesso, enviando alunos para empresas ou arranjando um sistema de ensino dual que retira a possibilidade de os jovens fazerem uma escolaridade básica longa é uma via que compromete o futuro dos jovens e do país”.

Na mesma entrevista, Maria de Lurdes Rodrigues lamentou “o facto de não haver uma oferta formativa para educação de adultos”, considerando que o “défice de qualificação de adultos” é “um obstáculo” ao desenvolvimento do país.

Redação

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