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Trabalhadores do Caminho de Ferro de Luanda iniciam quinta-feira greve por tempo indeterminado

Os trabalhadores do Caminho de Ferro de Luanda (CFL) decidiram manter para quinta-feira o início da greve por tempo indeterminado, disse hoje à agência Lusa fonte sindical, paralisação que a administração da empresa considera “injustificada”.

Em declarações à Lusa, o porta-voz do Sindicato de Trabalhadores do CFL, Lourenço Contreiras, afirmou que a comissão negociadora recebeu na terça-feira um convite para uma reunião com a direção, que, entretanto, foi descartado por ter esgotado o período de negociações.

“Recebemos um convite, mas, infelizmente, por o Conselho [de Administração] não estar a ser verdadeiro, estamos a abdicar desses encontros, porque sabemos que foi esgotado o período de negociações. Preferimos até nem realizar esse encontro”, declarou.

O sindicalista lamentou o facto de o presidente do Conselho de Administração do CFL passar a informação na imprensa de que já foram cumpridos 17 dos 19 pontos constantes no caderno reivindicativo.

“O presidente do Conselho de Administração vai à imprensa dizer uma coisa e depois quer convidar a comissão sindical ou negociadora para tratar do assunto. Acho que não está a ser sério naquilo que são os interesses dos trabalhadores”, frisou.

Lourenço Contreiras realçou que, a terem sido cumpridos 17 dos 19 pontos reivindicados, os trabalhadores “estariam a ser injustos”.

“Infelizmente, só um ponto foi cumprido. Eu até pensava que eram dois, mas só um ponto é que está cumprido, que é o subsídio de alimentação. Pensava que o prémio de percurso também estava cumprido, mas acabei de receber uma informação da tripulação, das pessoas que viajam, e, infelizmente, o prémio de percurso ainda não está atualizado”, informou.

Em comunicado, a que a Lusa teve hoje acesso, o CFL diz que “não são verdadeiras” as declarações de Lourenço Contreiras, que “ferem com o princípio da honestidade e da transparência”, descrevendo no documento os pontos do caderno reivindicativo resolvidos, os em fase de resolução e os por resolver.

Segundo o documento do CFL, estão resolvidos oito pontos, nomeadamente os subsídios de funeral, de alimentação, o pagamento de horas extras e o prémio de percurso, entre outros.

Em fase de resolução estão sete pontos e por resolver, faltando as partes chegar a acordo, está o aumento salarial na ordem dos 80 por cento.

“O aumento dos salários será feito de forma faseada, dependendo do aumento da produtividade da empresa, através do plano de negócios reestruturado e da aplicação do novo tarifário a ser definido pelo Governo”, informou a empresa.

Num outro comunicado, emitido por altura da declaração de greve, a segunda depois da realizada durante 14 dias em janeiro deste ano, o CFL descreveu a sua atual situação financeira, sublinhando que, mensalmente, recebe do Orçamento Geral do Estado (OGE) 102 milhões de kwanzas (285.117 euros) como subsídio operacional, que cobre apenas 83 por cento do fundo salarial.

Adicionados àquele valor, a empresa tem como receitas próprias 30 milhões de kwanzas (83.858 euros) para fazer face a todas as despesas mensais, estimadas em 280 milhões de kwanzas (782.675 euros).

Face à situação, a direção da empresa apelou então para o “bom senso da comissão sindical e dos trabalhadores”, manifestando “mais uma vez a sua disposição para um contínuo diálogo, tendo em vista a resolução de todos os problemas dos trabalhadores”.

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