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Timor-Leste terá ligação por cabo de fibra ótica internacional em 2020, diz primeiro-ministro

O primeiro-ministro timorense, Taur Matan Ruak, afirmou hoje que o país irá orçamentar em 2020 a construção de uma ligação internacional de fibra ótica ao país.

“O processo está a andar rapidamente e espero que se conclua o trabalho no próximo ano”, afirmou hoje à Lusa Matan Ruak no Palácio do Governo em Díli.

“A decisão será tomada no Conselho de Ministros, mas estamos preparados para avançar”, disse, escusando-se a identificar para onde será feita a ligação internacional.

O objetivo, disse, é concluir este ano os preparativos necessários para “começar com a instalação do cabo no próximo ano”, devendo o valor do projeto ser orçamentado nas contas públicas de 2020.

O chefe do Governo falava à Lusa à margem do lançamento do projeto fibra ótica terrestre que visa fortalecer o Governo eletrónico e aproximar o executivo e os cidadãos em todo o país.

“Não há justificação para que Timor não aproveite a tecnologia de comunicação que está tão avançada no mundo. O governo fez um grande esforço para que hoje possamos lançar oficialmente esta iniciativa”, disse Matan Ruak.

A instalação da rede terrestre começou há vários anos a par da construção da rede elétrica nacional com mais de 600 quilómetros de cabos OPGW instalados por Governos anteriores.

Os cabos OPGW (sigla inglesa de Overhead Power Ground Wire) são fios de terra instalados nas linhas elétricas de alta tensão nos quais são introduzidos cabos de fibra ótica, e que funcionam tanto como para-raios como para transmissão de dados e voz.

A ampliação do projeto da fibra ótica terrestre começou no VI Governo em 2016 quando foram feitas as primeiras estimativas e iniciado o processo de concurso, tendo o VII Governo, no ano seguinte, assinado um acordo com a Timor Telecom.

Com um valor de cerca de 1,88 milhões de dólares (1,7 milhões de euros), o projeto abrangia, em concreto, a interligação da rede fibra ótica entre as subestações da EDTL (Eletricidade de Timor-Leste) e os edifícios da administração municipal nos 12 municípios.

Apesar da rede interna, os clientes de internet em Timor-Leste pagam há anos preços “exorbitantes” por um serviço com pouca velocidade porque o Governo timorense ainda não avançou com uma ligação internacional de cabo de fibra ótica, segundo os operadores.

Essa situação, segundo altos responsáveis da Timor Telecom e Telkomcel, leva a que Timor-Leste tenha gastp nos últimos anos 50 milhões de dólares (44,5 milhões de euros) em acesso por satélite, para um serviço significativamente mais caro e de pior qualidade do que o de fibra ótica.

Os elevados custos de ‘input’ – preço a que os operadores compram a internet que revendem – implicam que apesar de concorrência no mercado, nem o preço nem a qualidade podem melhorar significativamente.

Timor-Leste pode ainda optar por uma ligação até à ilha indonésia de Alor – “pode ser concluída em três meses e custar cerca de 20 milhões” de dólares (18 milhões de euros) – ou por uma a um cabo do sul do país a outro que passa junto da fronteira marítima com a Austrália, no Mar de Timor.

“Os preços variam entre 16 e 25 milhões dependendo se o cabo é depositado ou enterrado no fundo do mar”, explicou fonte do setor.

Uma outra opção, a mais cara, seria recorrer a uma ligação direta a Singapura cujo custo “pode rondar os 100 milhões” (88 milhões de euros9.

“O preço do cabo é de cerca 20 mil dólares (17 mil euros) por quilómetro, metidos em água. E os preços têm vindo a baixar”, adiantou fonte do setor.

Em vez de optar pelo cabo, explicou a mesma fonte, o país acabou por depender da ligação por satélite à 03B-CES que “custou desde 2012 aos operadores mais de 50 milhões de dólares” (44 milhões de euros).

 

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