Cultura

Terceiro Festival de Órgão de Mafra estreia órgãos históricos após obras de conservação

Os seis órgãos históricos de Mafra vão voltar a ouvir-se no III Festival Internacional do Órgão de Mafra, entre 27 de abril e 12 de maio, um ano depois de serem sujeitos a obras de conservação, foi hoje anunciado.

Segundo a organização do festival, o primeiro concerto dos seis órgãos históricos da basílica do Palácio Nacional de Mafra acontece a 04 de maio, integrado no III Festival Internacional de Órgão de Mafra, no distrito de Lisboa.

Os organistas João Vaz, Inês Machado, Sérgio Silva, Margarida Oliveira, Diogo Rato Pombo e Daniela Moreira juntam-se ao grupo Voces Caelestes para a audição moderna da missa para três coros e seis órgãos “Gloria in excelsis, in gloria dei patris e credo”, manuscrito do século XVIII que se encontra na biblioteca do palácio, atribuído a um autor italiano de identidade desconhecida.

O diretor artístico do festival, João Vaz, que acompanhou o restauro daqueles instrumentos concluído em 2010, explicou que a intervenção do último ano foi sobretudo um trabalho de “harmonização” daquele conjunto único no mundo.

“O calar dos órgãos estava iminente, o que era inconcebível”, disse o presidente da câmara municipal, Hélder Sousa Silva, justificando o investimento de 150 mil euros da autarquia nestas obras.

Os seis órgãos históricos do Palácio de Mafra voltam a ouvir-se no dia seguinte, marcando o retomar do programa anual dos concertos de todo este conjunto, a cada primeiro domingo de cada mês.

Os organistas Sérgio Silva, André Ferreira, David Paccetti Correia, Margarida Oliveira, Diogo Rato Pombo e Daniela Moreira propõem obras de Charpentier, Leal Moreira e Lully, entre as quais a transcrição do prelúdio “Te Deum”, do primeiro, e a “Sinfonia para a Real Basílica de Mafra”, do segundo.

Do programa desta edição, destaca-se o último concerto, a 12 de maio, de organistas do Pontifício Instituto de Música Sacra do Vaticano que vão interpretar obras de Frescobaldi, Bonelli e Cabezón nos seis órgãos históricos do palácio.

“Vamos ter uma espécie de revisitação do sonho de D. João V [o rei que mandou construir o palácio], que era trazer Roma a Portugal”, disse o diretor artístico.

O III Festival do Órgão de Mafra começa a 27 de abril com um concerto de órgão, por Rui Paiva, e de flauta de bisel, por Pedro Couto Soares, no órgão da Igreja do Gradil, em que vão ser interpretadas obras de Castelo, Pachelbel e Bach, dos séculos XVII e XVIII.

No dia seguinte, a russa Olga Zhukova vai tocar composições dos alemães Kerll, Bach, do século XVIII, e de Philip Glass, na Igreja de S. Pedro da Ericeira, demonstrando que “os órgãos antigos podem ser adaptados a obras recentes”.

A 03 de maio, a Igreja da Encarnação recebe o concerto de Aurore Baal, que recebeu o título de Jovem Organista de 2017 e foi vencedora do concurso de Innsbrück. A organista vai interpretar composições francesas, italianas e ibéricas, passando por autores como Carreira, Titelouze, Trabaci e Seixas.

A 10 de maio, a Igreja de Santo André de Mafra acolhe o concerto para coro e órgão, com o Ensemble Lusiovoce e os organistas Sérgio silva e Clara Alcobia Coelho a propor composições contemporâneas inspiradas no canto gregoriano.

No dia seguinte, o festival junta as sonoridades do órgão (por João Vaz), do corneto (por Tiago Simas Freire), instrumento característico dos séculos XVI e XVII, caído em desuso, e da gaita-de-foles medieval, interpretando obras de Monteverdi, Gabrieli e Frescobaldi, ligadas à prática litúrgica.

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