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Tentar encontrar “bodes expiatórios” não é uma alternativa de sucesso — vice-presidente CE

O primeiro vice-presidente da Comissão Europeia disse hoje que a alternativa de procurar “bodes expiatórios” já foi tentada antes na Europa, sem sucesso, e defendeu a União Europeia como “o melhor projeto que este continente já conheceu”.

“A alternativa do nacionalismo, a alternativa de ver inimigos e bodes expiatórios em todo o lado já foi tentada antes e nunca teve sucesso”, disse Frans Timmermans à chegada ao Summer CEmp, que hoje começou em Marvão, distrito de Portalegre, a propósito da expansão dos partidos populistas e eurocéticos em alguns países europeus.

Destacou ainda que “a Europa baseada na liberdade e na solidariedade entre Estados membros é o melhor projeto que este continente já conheceu” e que merece continuar a ser defendido, a não ser que alguém “apresente uma alternativa melhor”.

O responsável europeu com as pastas das relações interinstitucionais e dos direitos fundamentais é um dos participantes da escola de verão, conhecida como Sumer CEmp, promovida pela representação portuguesa da Comissão Europeia e apoiada pela câmara de Marvão, que juntou 50 universitários portugueses com alguns dos principais protagonistas políticos para discutir o futuro da Europa.

Questionado sobre as dificuldades da Europa em encontrar uma resposta comum para alguns dos seus problemas mais prementes, como as migrações, alertou que quanto mais tempo se perder na busca de soluções nacionais, maior será a dificuldade em encontrar uma solução comum.

“Basta olhar para os números e para o desenvolvimento demográfico em África e na Europa, basta olhar para a discrepância. Se não conseguirmos fazer mais pelo desenvolvimento em África as pessoas vão continuar a querer vir para cá [Europa]. E não existem muros suficientemente altos nem mares suficientemente fundos que as mantenham afastadas”, realçou o político holandês.

Timmermans defendeu que só de forma coletiva se poderão encontrar “soluções sustentáveis” e manifestou-se otimista quanto aos parceiros europeus, mesmo os mais resistentes.

“Acho que vão chegar lá. Alguns podem demorar mais a perceber, mas mesmo países como a Itália e outros têm procurado soluções alternativas, sem grandes resultados. No fim vamos juntar-nos todos novamente à volta da mesa e encontrar soluções satisfatórias para todos”, salientou.

O comissário europeu admitiu que as migrações vão ser um tema dominante nas próximas eleições europeias, marcadas para 2019, mas considerou que o debate vai além dessa questão, incidindo sobre o tipo de sociedade querem os europeus.

“Queremos uma sociedade centrada nos direitos individuais e responsabilidade coletiva ou queremos voltar a uma sociedade em que as maiorias ditam tudo às minorias?”, questionou o político holandês, rejeitando o que disse ser um regresso ao passado e a uma “forma tribal de organizar a política e a democracia”

Pelo contrário, apelou aos jovens para que se mobilizem no apoio a uma “Europa liberal e aberta” em que a lei protege as escolhas e os direitos individuais.

“Juntem-se, organizem-se, o mundo esta aí para vocês o agarrarem”, foi a mensagem que quis deixar aos jovens “idealistas e talentosos” que a partir de hoje e até sexta-feira vão estar em Marvão a participar no Summer CEmp.

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