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Tendência de notícias falsas em crescimento. Saiba em quem confiar e como se proteger

Os países com eleições este ano são os alvos preferenciais de notícias não verdadeiras. O alerta vem da União Europeia.

‘Fake news’. Esta é a palavra do ano de 2016, nomeada pelo dicionário australiano ‘Macquarie Dictionary’. O dicionário britânico ‘Oxford’ havia eleito anteriormente a expressão ‘post-truth’ (pós-verdade), devido ao recente aumento da tendência de difundir informações falsas, como se fossem verdadeiras.

Apesar de já existir informações incorretas, o fenómeno só ganhou destaque com as eleições norte-americanas. Foram várias as páginas de internet que divulgaram notícias adulteradas sobre Donald Trump e Hillary Clinton, com grande potencial de viralidade, marcando a perceção das pessoas sobre os candidatos o que acabou por influenciar o voto dos cidadãos.

“Já não sabemos em quem acreditar, em quem votar – tornou-se diabólico e temos de desenvolver técnicas de identificação de notícias falsas”, afirmou ao Guardian, Susan Butler, editora do ‘Macquarie Dictionary’.

Uma equipa da União Europeia (EU) alertou Angela Merkel, na terça-feira passada, de que poderia estar em curso uma preparação de divulgação de ‘fake news’, liderada por entidades russas, com o objetivo de influenciar o resultado das próximas eleições alemãs.

“Infelizmente este é um lado obscuro da internet, com o qual temos de lidar de forma mais intensa”, afirmou no ano passado o ministro de Justiça da Alemanha, Heiko Maas.

A mesma equipa alertou ainda a França e a Holanda, uma vez que os dois estados-membros terão eleições este ano.

Já foram identificadas mais de 2500 notícias falsas em 18 línguas pelo grupo da UE, que foi formado em setembro de 2015, numa medida de resposta às campanhas russas de desinformação da Ucrânia.

O Buzzfeed criou uma lista com as 50 notícias falsas mais virais em 2016. No topo, encontramos notícias como “Obama assina ordem para banir das escolas o juramento à bandeira”, “Papa Francisco choca o mundo, apoia Donald Trump para presidente e emite comunicado” e “Trump oferece viagens de ida para África e México a quem quiser deixar a América”.

Para compreender como surgem as ‘fake news’, o Wired realizou uma investigação e deparou-se com factos assustadores: a existência de grupos de trabalho exclusivos para criar notícias falas, com o objetivo de influenciar a opinião pública em relação a vários assuntos.

Desde há muito tempo que são criadas pequenas organizações que seguem uma agenda política e recorrem a técnicas requintadas para criar e difundir notícias falsas – desde informações que descredibilizam os problemas ambientais, notícias que colocam em causa a vacinação das crianças até opiniões políticas.

O truque é simples: a informação está camuflada num site que parece ser de um órgão de comunicação legítimo e credível, com certa conotação política e grande potencial de viralidade – apela o click fácil, o ‘clickbait’.

“Os think thanks de notícias falsas utilizam uma mistura de verdades selecionadas, meias verdades e conteúdo fabricado para manipular as pessoas”, explicou ao Wired Massimo Pigliucci, filósofo do City College de Nova Iorque e autor do livro “ Nonsense on Stilts: How To Tell Science from Bunk”.

No entanto, uma equipa da Universidade de Massachusetts desenvolveu uma tecnologia que entra em ação com o algoritmo do Facebook, permitindo identificar se a notícia é falsa ou não. A base está na criação de uma extensão de browser que verifica a credibilidade da fonte da informação, cruzando os dados com outros conteúdos noticiosos.

A equipa deixa um alerta sobre os cuidados que os utilizadores devem ter quando lêem notícias na internet: é necessário verificar se os media tradicionais – os que conhecemos há algum tempo e que atribuímos credibilidade – estão a noticiar a mesma informação. Se o conteúdo provocar algum tipo de reação emotiva mais forte, é recomendável verificar se a notícia é realmente verdadeira.

É possível encontrar na internet diversos sites que listam as páginas que divulgam as ‘fake news’, como o site ‘Fake News Watch’ e a ‘Wikipedia’.

Atualmente, todos nós somos bombardeados com informações novas, vindas de diversas fontes. O importante é ter capacidade crítica e questionar sempre a credibilidade e veracidade das informações que chegam até nós.

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