Economia

Choque das taxas de juro deve atingir famílias e empresas no primeiro semestre de 2023

Os especialistas estimam que o pico das taxas de juro de referência na Zona Euro seja alcançado no primeiro trimestre de 2023.

A subida generalizada dos preços levou os bancos centrais a atuarem. Desse modo, na Zona Euro, o Banco Central Europeu (BCE) tem vindo a subir as taxas de juro de referência.

Este aumento da taxa diretora tem elevado os custos de financiamento e gerado restrições nos balanços. E por isso há critérios mais rigorosos para a concessão de crédito a famílias e empresas no terceiro trimestre deste ano.

No estudo Europe: How big will the interest rate shock be in 2023?, os especialistas da Allianz Trade, acionista da COSEC – Companha de Seguro de Créditos –, admitem que os critérios para a atribuição de crédito no bloco da moeda única sejam ainda mais rigorosos neste quarto trimestre, o que terá efeitos sobre as famílias e empresas nos próximos meses.

Efeitos da subida das taxas de juro nas famílias

Assim, para as famílias, incluindo as portuguesas, o choque das taxas de juro deverá estar a aproximar-se, podendo mesmo materializar-se no próximo ano.

Os especialistas da líder mundial de seguro de créditos estimam, ao mesmo tempo, que o pico da taxa de juro de referência na Zona Euro seja alcançado no primeiro trimestre de 2023.

taxas de juro

Nesse sentido, estimam que o período médio de passagem da taxa de juro de referência para as taxas bancárias, em Portugal, ocorra no segundo trimestre. E este cenário deverá verificar-se também em Espanha e Itália.

Por outro lado, no caso da economia alemã e francesa, as previsões apontam que esta transmissão só deverá acontecer no terceiro trimestre do próximo ano.

Perda de poder de compra

O aumento das taxas de juro deverá levar as famílias a perder poder de compra. Porém, os economistas da COSEC admitem que as poupanças obtidas durante a pandemia podem ajudar a compensar os efeitos da escalada dos juros.

“Num contexto de subida das taxas de juro e agravamento das perspetivas económicas, a dinâmica favorável de crédito na Zona Euro não deverá durar muito mais tempo. Como mostram os dados do BCE, depois de um ano de estabilização dos padrões de empréstimo, os bancos tornaram-se significativamente mais avessos ao risco. É possível que os padrões de crédito se tornem mais restritivos à medida que os bancos diminuem a sua tolerância ao risco”, afirma Ana Boata, Head of Economic Research da Allianz Trade.

Empresas com quebras nas margens

A Allianz Trade estima uma subida das taxas de juro para as empresas também no primeiro semestre do próximo ano.

As previsões sugerem que a dívida das empresas não financeiras deverá escalar para novos recordes em termos absolutos e um aperto global das condições financeiras.

Estes dois efeitos deverão intensificar as despesas com juros e aumentar os custos das empresas.

A continuação da subida das taxas de juro de referência vai aumentar os juros que as empresas pagam para se financiar, levando a uma diminuição das margens de lucro.

Entre as principais economias do euro, a Itália, Espanha e França são os países em maior risco de enfrentarem este cenário.

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