Em Espanha, o laboratório alemão Grünenthal está a ser julgado por manter a distribuição do Talidomida após a proibição registada noutros países. Este medicamento esteve na origem de malformações em cerca de 20 mil bebés nas décadas de 50 e 60 do século passado.
O medicamento Talidomida, retirado dos mercados português e espanhol em 1961, está na base do processo que coloca o laboratório alemão Grünenthal no banco dos réus, em 2013. No processo, a decorrer em Espanha, os 186 queixosos exigem uma indemnização num total de 204 milhões de euros por a farmacêutica alemã ter mantido o fármaco à venda quando o mesmo já tinha sido proibido noutros países.
Depois de, no ano passado, a Grünenthal ter pedido desculpas publicamente, só em 2013 é que um responsável admitiu, em tribunal, que o medicamento “não estava indicado para as grávidas”. Nas contas da Euronews, o fármaco esteve na origem de malformações congénitas em cerca de 20 mil bebés, durantes as décadas de 50 e 60 do século passado.
Em Portugal houve apenas registo de nove casos, segundo uma fonte da Direção Geral de Saúde que o Correio da Manhã cita sem identificar. O remédio era prescrito contra os enjoos e náuseas das grávidas e, para além da Europa, era distribuído em Austrália, Canadá e Japão.
“Com este julgamento histórico, os afetados espanhóis pela Talidomida esperam que, depois de mais de meio século de espera infinita, sejam recompensados pelo sofrimento, que começou enquanto fetos, antes de nascer, e se prolonga até os nossos dias, com a amputação de braços e pernas”, sustentou, em comunicado, a Associação de Vítimas da Talidomida na Espanha.
A organização acredita que o número de vítimas era muito superior e lembra que “a mera existência oficial das vítimas espanholas não ocorreu até 2010”. “Com uma sentença favorável, o laboratório alemão Grünenthal seria considerado oficialmente, pela primeira vez na história, responsável pelo ocorrido”, reforçou a associação, em comunicado.