Cultura

Super ‘hip-hop’ no Parque das Nações

O ‘rapper’ norte-americano Travis Scott foi o responsável pela maior enchente dos dois primeiros dias do festival SBSR, em Lisboa, provando de novo que o ‘hip-hop’ é uma aposta ganha num festival com rock no nome.

No início do concerto, que começou às 23:59 de sexta-feira, Travis Scott deixou um aviso: “se não conseguirem sobreviver a isto, é melhor saírem agora” [da Altice Arena, no Parque das Nações].

O ‘isto’ a que se referia era um espetáculo, com cerca de uma hora de duração, de rimas e batidas poderosas acompanhadas de jogos de luzes, imagens em movimento nos ecrãs que estavam em palco e jatos de fumo e fogo. E todo este aparato com apenas duas pessoas em palco: Travis Scott e o DJ Chase B.

O público – cerca de 20 mil pessoas, de acordo com a organização – acompanhou cada um dos temas com a voz e com o corpo, ora pulando, ora agitando os braços.

Além de temas dos três álbuns que tem editados, Travis Scott fez versões de temas de Drake, Big Sean e Kanye West.

Tal como no ano passado, o segundo dia do festival SBSR foi dedicado ao ‘hip-hop’, tendo havido espaço para as várias vertentes do mesmo estilo, com a agressividade de Travis Scott a contrastar com a animação e descontração de Anderson.Paak no mesmo palco algumas horas antes.

A riqueza instrumental de Anderson.Paak, que se apresentou com os The Free Nationals, contrastou com o minimalismo de Travis Scott.

O cantor, que é também baterista e dá uns passos de dança, voltou na sexta-feira ao palco onde esteve no ano passado a assegurar a primeira parte do concerto de Bruno Mars. “Vocês estão com melhor aspeto do que no ano passado”, disse ao público no início do concerto.

Com um alinhamento feito sobretudo de temas de “Malibu”, o seu álbum mais recente, de 2016, como “The bird”, “The season/carry me” e “Heart don’t stand a chance”, “Am I wrong” e “Put me thru”, Anderson.Paak tocou também “Bubblin”, ‘single’ que editou em abril e deverá ser incluído no álbum que está a preparar com Dr.Dre.

Num dia de identidade hip-hop, no palco principal sobressaiu ainda a atuação de Slow J, pela terceira vez no festival e sempre crescendo em público.

Acompanhado por Fred Ferreira (bateria), Francis Dale (teclados) e por uma moldura humana considerável, ainda que não enchesse a Altice Arena, Slow J apostou no álbum de estreia, “The art of slowing down”, entre arranjos despojados e outros mais encorpados pela guitarra elétrica que empunhou um par de vezes, com os temas “Casa”, “Vida boa”, “Sonhei para dentro” ou “Às vezes”.

Antes de avançar para o tema “Comida”, Slow J recordou que escreveu esta música “no armário do quarto em casa dos pais” e agora estava ali a tocá-la para alguns milhares de fãs. “Vocês conseguem cumprir os vossos sonhos, não precisam de mais nada. Só motivação”, disse.

Ele próprio concretizou um outro sonho, ao chamar ao palco o músico Carlão, devolvendo um convite que este tinha feito há umas semanas no Rock in Rio Lisboa. “Vi-o no primeiro festival que eu fui na minha vida e agora cheguei a um ponto parecido com este”, explicou Slow J antes de apresentar Carlos Nobre, Carlão, ex-Da Weasel, e de interpretar o tema novo do segundo, “Repetido”.

Ao palco do Altice Arena, Slow J convocou ainda outros nomes do ‘hip-hop’ nacional, como Nerve, Gson e Papillon, aos quais se juntou o muito aplaudido Richie Campbell para “Water”, cantada a plenos pulmões pelo público.

O segundo dia do festival contou ainda, entre outros, com Princess Nokia, Tom Misch e Oddisse, que foi antecedido horas antes por uma atuação do guitarrista dele, a solo, Oliver St. Louis.

Fora da toada ‘hip-hop’, houve ainda espaço para os portugueses Luís Severo e Ermo.

O 24.º Super Bock Super Rock começou na quinta-feira e termina no sábado, com a atuação de músicos e bandas como Benjamin Clementine, Stormzy, Pop Dell’Arte e Julia Casablancas & The Voidz.

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