Ao fim de 20 anos, um branco assume o poder num país africano. Guy Scott, vice-presidente da Zâmbia, vai ser ‘promovido’ após a morte do chefe de Estado, Michael Sata. “As eleições para o cargo de Presidente ocorrerão dentro de 90 dias”, anunciou o líder “interino”.
Presidente morto, Presidente posto. Mas, no caso da Zâmbia, é o primeiro líder branco a assumir o poder num país africano desde 1994, ano em que o sul-africano Frederik de Klerk foi derrotado por Nelson Mandela.
Isto acontece porque o chefe de Estado morreu. Michael Sata, de 77 anos, estava internado num hospital de Londres. Não foram divulgadas as causas da morte.
Guy Scott, o actual vice-presidente, vai assumir a liderança da Zâmbia como “interino” enquanto não são realizadas novas eleições.
“As eleições para o cargo de Presidente ocorrerão dentro de 90 dias. Neste período, eu sou o Presidente interino”, esclareceu o próprio Scott, num discurso transmitido pela televisão.
“Como vocês sabem, o Presidente estava a receber tratamento médico em Londres. O chefe de Estado morreu a 28 de outubro. A morte do Presidente Sata é profundamente lamentada”, acrescentou o chefe de gabinete de Sata, Roland Msiska.
“O período de luto nacional vai começar hoje. Vamos sentir falta do nosso amado Presidente e companheiro”, salientou Guy Scott.
Apesar de ser o chefe de Estado até às eleições, Scott não pode concorrer ao cargo, devido a restrições de cidadania (é filho de escoceses).
Sem o atual ‘vice’ na corrida, os favoritos são os ministros da Defesa, Edgar Lungu, e das Finanças, Alexander Chikwanda.
Lungu e Chikwanda não deverão enfrentar-se diretamente, uma vez que são ambos do partido no Governo, a Frente Patriótica. Os analistas avançam que a decisão será imposta pelas estruturas partidárias.
A Zâmbia é, atualmente, o segundo maior produtor de cobre do continente africano, pelo que as mudanças políticas são encaradas com desconfiança pelos mercados.
Michael Sata, eleito em 2011, tornou-se conhecido por ‘Rei Cobra’ pelos ataques às companhias de mineração estrangeiras.
Alguns analistas económicos acreditam que “a morte do Presidente pode abrir caminho para uma administração mais reformista e ajudar a remover as amplas incertezas políticas”, como salientou a consultora sul-africana ETM.