A economia chinesa vai crescer a uma taxa média de 4,6 por cento, ao longo da próxima década, segundo um relatório publicado hoje pela agência de notação financeira Standard & Poor’s (S&P).
Embora este ritmo de crescimento represente uma desaceleração ao fim de quatro décadas de acelerado crescimento, os motivos são “naturais e, na maioria das vezes, saudáveis”, apontou a agência.
Esta década, e até à data, o crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) chinês fixou-se em 7,8 por cento. Desde 2010, que o ritmo de crescimento tem vindo a ser menor a cada ano, com exceção de 2017, quando cresceu mais 0,2 por cento do que no ano anterior.
Segundo a S&P, os principais fatores por detrás da desaceleração são a demografia, com o envelhecimento gradual da população, a desalavancagem financeira, após a dívida chinesa ter aumentado para quase 300 por cento do PIB, e a mudança para um modelo económico assente nos serviços, em detrimento da indústria.
A agência explica ainda que, à medida que a China enriquece, há menos espaço para crescer.
O relatório alerta ainda para o impacto da guerra comercial com os Estados Unidos, que espoletou no verão passado, e que se se prolongar tornará a desaceleração num fenómeno “mais difícil de controlar” para o Governo chinês.
Para o economista-chefe da S&P na região Ásia-Pacífico, Shaun Roache, as tensões com os EUA poderão fazer Pequim apostar na autosuficiência, o que “desaceleraria o ritmo com que a China cria e aplica tecnologia”, levando a uma queda da produtividade, “o último ‘foguete propulsor’ da economia”.
“Quanto mais local a economia chinesa se tornar, maior a probabilidade de crescer mais lentamente”, afirmou.
Face à possibilidade de as economias chinesa e norte-americana se desvincularem, em resultado do conflito comercial, Roache disse que seria um “processo doloroso para todas as partes” e que na China os consumidores finais e empresas pagarão o preço.
O analista acredita que Pequim deve “tolerar o crescimento mais lento, resultante de fatores estruturais, e abster-se de (aplicar) estímulos excessivos” para que a desaceleração seja gradual.
Pequim tem enfatizado a necessidade de passar de um crescimento rápido para um de “alta qualidade”.
A economia chinesa cresceu no último trimestre 6,2 por cento, o ritmo mais lento em quase três décadas.
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