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Sonolência ao volante aumenta o número de mortes na estrada

O conjunto de pessoas com risco acrescido de sonolência inclui os condutores comerciais, as pessoas que trabalham à noite ou por turnos, doentes com patologia do sono não controlada ou medicados com fármacos sedativos e, ainda, todos aqueles que não têm um sono adequado.

“Da mesma forma que uma pessoa responsável, sabendo que vai conduzir, se deve abstrair de consumir bebidas alcoólicas, prevenindo acidentes, também deverá estar ciente do seu estado vígil antes de entrar no automóvel e ligar a ignição”, adverte o investigador, salientando que há sinais de sonolência que as pessoas responsáveis devem ter em conta.

Bocejar e pestanejar com frequência, ter dificuldade em recordar os últimos quilómetros percorridos, perder saídas na estrada e pisar repetidamente as linhas divisórias, são alguns dos sinais que devem ser levados a sério e que constituem alertas para a necessidade de uma paragem. “O descanso é a única medida eficaz para prevenir este tipo de acidentes”, adverte Miguel Meira e Cruz.

Mas, segundo o investigador, o problema é mais abrangente, dado que o número de pessoas que têm um sono adequado é muito reduzido. “A maioria da população abdica voluntariamente das horas de sono sem sequer se aperceber de que está a percorrer um caminho sem retorno”. Com efeito, o sono perdido nunca é recuperado na totalidade e o seu impacto é, a médio e longo prazo, extraordinariamente negativo.

Para além deste aspeto, diversas patologias afectam o sono fisiológico mas estas não são, convenientemente, valorizadas pelos doentes e por muitos clínicos. A Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono, por exemplo, é uma patologia que afeta cerca de um terço da população adulta. E, apesar dos sinais de alerta, como o ressonar intenso, as pausas respiratórias frequentes, a agitação durante o sono ou a sonolência diurna aumentada, é raro o Médico de cuidados primários questionar o doente sobre estes sinais, assim como são escassas, as queixas, por parte dos próprios doentes.

Ainda hoje se assume como verdade que o ressonar é normal e que toda a gente o faz, assim como dormir mal é inevitável com o avançar da idade. Estes mitos não são apenas falsos, mas perigosos, porque permitem perpetuar os sintomas e o desenvolvimento da patologia subjacente.

Durante a semana que inclui o Dia Mundial do Sono, a Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono vai apoiar diversos eventos, em diferentes regiões, de norte a sul do país, que visam esclarecer a população sobre a importância do sono, os riscos associados à sua privação e aspectos práticos sobre como manter uma boa higiene do sono.

Estão previstas diversas ações de sensibilização e algumas conferências para a população em geral e outras para os profissionais de saúde. A APCMS insistirá nas escolas, organizando um conjunto de palestras dirigidas aos mais pequenos, com destaque para os comportamentos inadequados, como ver televisão, jogar computador ou beber Coca-Cola ou chá próximo da hora de deitar.

Diferentes profissionais de saúde com consultório privado apoiarão esta causa, reforçando o alerta e o ensino sobre as regras básicas da higiene do sono aos seus doentes.

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