“Sócrates não ganha uma eleição nem para administrador do condomínio”
José Sócrates, o principal arguido do processo Operação Marquês, tem assumido um “discurso de vitória” desde que o juiz Ivo Rosa decidiu não o pronunciar por qualquer crime de corrupção, para surpresa de Ricardo Costa. O diretor de Informação da SIC considerou “completamente absurdo” o novo tom do ex-primeiro-ministro, que parece estar a ensaiar um regresso à política ativa.
Na análise do comentador da SIC, Sócrates procura ser o Lula da Silva português, numa referência ao ex-Presidente do Brasil que admitiu voltar a concorrer ao Palácio do Planalto depois de um juiz do Supremo Tribunal Federal brasileiro ter anulado todas as condenações pela Justiça Federal no Paraná, no âmbito do processo anticorrupção Lava Jato.
“Não faz sentido, os casos não têm nada que ver”, sustentou Ricardo Costa, garantindo que José Sócrates não tem condições para ser candidato “de coisa nenhuma”, devido à grande desconfiança que ainda gera. “Sócrates não ganha uma eleição nem para administrador do condomínio”, afirmou.
Foi por esse motivo que o PS, através de Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa e apontado como possível sucessor de António Costa na liderança socialista, veio de imediato a público reforçar o “cordão sanitário” em torno de Sócrates, continuou o analista da SIC.
Sobre o despacho do juiz Ivo Rosa, Ricardo Costa considerou “gravíssimo” que o magistrado tenha admitido que José Sócrates se deixou corromper enquanto primeiro-ministro, ao mesmo tempo que arrasava a acusação do Ministério Público no âmbito do processo Operação Marquês.
“Ivo Rosa acabou por fazer um favor. Apesar de o processo ainda durar muitos anos, dizer cabalmente que estamos a falar de um ex-primeiro-ministro que foi corrupto enquanto era primeiro-ministro… Isso dá cabo de qualquer coisa que possa haver do ponto de vista político num futuro próximo”, concluiu.