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“Só Sócrates pensa que é um preso político”, diz Ana Gomes

Ao falar sobre direitos humanos em Angola, Ana Gomes recusou comparar a situação de José Sócrates com os 15 ativistas detidos sem acusação formalizada. “Só Sócrates pensa que é um preso político” em Portugal, garantiu a eurodeputada, recusando similaridades entre os casos.

Ana Gomes foi a Luanda, em Angola, negar que José Sócrates seja um preso político.

Depois de ter visitado o país africano, a convite da Associação Justiça, Paz e Democracia (de Angola), para avaliar o nível do respeito dos direitos humanos no país, a eurodeputada recusou que o caso do ex-primeiro-ministro seja comparável ao dos 15 ativistas detidos pelo regime de José Eduardo dos Santos.

“Em Portugal, só o Sócrates é que pensa que é um preso político”, garantiu a socialista: “Ninguém mais sustenta que ele é um preso político. Ele está acusado por crimes económicos, corrupção, branqueamento de capitais e a Justiça portuguesa tem que fazer o seu trabalho”.

Ainda assim, Ana Gomes frisou ser “negativo” que “não se tenha investigado primeiro e prendido depois”.

“Eu não acho que Sócrates seja um preso político. E eu não concordo que haja uma prisão preventiva tão prolongada relativamente a Sócrates, acho que isso é mau, pode ser permitido pela lei portuguesa, erradamente no meu ponto de visita, mas acima de tudo não concordo que se prenda para investigar. Lá ou cá”, reforçou.

As afirmações tiveram por base os ‘conselhos’ do regime angolano e de várias figuras do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que preferem ver Ana Gomes a analisar a situação do “preso político” José Sócrates ao invés de insistir na “ingerência” em assuntos angolanos, nomeadamente nas detenções de 15 jovens, alegadamente por suspeita de estarem a preparar um golpe de Estado.

Estes 15 jovens, associados ao Movimento Revolucionário e que estão detidos desde 20 de junho sem ter sido formalizada qualquer acusação, alegam que se encontravam regularmente para discutir intervenção política e cívica, inclusive com ações de formação, como a que decorria na altura de detenção, a qual envolveria também a leitura e análise de um livro sobre estas matérias.

São “acusações distintas” e “situações diferentes”, insistiu a eurodeputada socialista, recusando traçar qualquer comparação entre os 15 detidos em Angola e o ex-governante preso preventivamente em Évora.

Sobre os 15 detidos, já depois de ter abordado familiares, Ana Gomes, membro da subcomissão de direitos humanos da União Europeia, manifestou “profundas preocupações” sobre as condições da detenção e sustentou que a acusação de “golpe de Estado” e subversão torna “evidente” que estes jovens “são presos políticos”.

“É o próprio Governo que os define como presos políticos, mesmo que, contraditoriamente, o negue”, mesmo quando “ninguém em Angola” acredita que os suspeitos fossem capazes de realizar um golpe de Estado, concluiu.

Quanto às acusações de “ingerência”, classificou-as como “um absurdo”, argumentando: “As questões dos direitos humanos e de solidariedade democrática não podem ser postas ao nível desse tipo de intenções. Não tenho nada dessas intenções, tenho a certeza que há muita gente no próprio Governo que não subscreve essas palavras, mas há sempre uns toscos que recorrem a argumentos grotescos”.

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