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SITEU deixa cravos brancos para denunciar atropelos aos direitos dos enfermeiros

Membros dos SITEU (Sindicato Independente de Todos os Enfermeiros Unidos) vão deixar amanhã à porta de câmaras municipais de todo o País cravos brancos para assinalar, simbolicamente no 47º aniversário do 25 de abril, a perda dos direitos dos enfermeiros.

Gorete Pimentel, presidente da direção do SITEU, lembra que, neste último ano, “à maioria dos portugueses foi sonegada a liberdade pelo dever de recolhimento obrigatório, mas aos enfermeiros, para além do confinamento, foi-nos exigido o dever de prontidão enquanto espezinhávamos nossos direitos laborais”.

A presidente da direção do SITEU considera que “os enfermeiros têm sido enganados pelo Governo, que apresenta pomposamente medidas na comunicação social, que depois se percebe são ‘uma mão cheia de nada’”.

Gorete Pimentel dá como exemplo “o muito propagandeado prémio Covid cujas regras fazem com que pouquíssimos enfermeiros o tenham recebido. As regras foram deturpadas de tal forma que cada gestão hospitalar fez o que quis e como quis. Aquilo que era um prémio justo e importante, que os portugueses acharam por bem que os enfermeiros recebessem, ajudando a pressionar o governo a atribuí-lo, acabou por ir parar a uma minoria muito reduzida. Nem sequer todos os enfermeiros que trabalham na urgência tiveram direito a receber este prémio, muito menos os enfermeiros que trabalham nos serviços de internamento”. 

Entre os casos detetados pelo SITEU estão instituições que transferiram os enfermeiros constantemente, não permitindo que estivessem um mês no mesmo serviço, de modo a não haver base legal para lhes ser pago o prémio. Outras instituições resolveram fazer as contas aos dias de trabalho, eliminando as folgas para a contagem. Houve ainda casos em que as administrações dos hospitais contaram o número de doentes com Covid-19 que foram atendidos e dividiram pelo número de enfermeiros que estiveram a trabalhar, para afirmar que não se justificava a atribuição do prémio.

O SITEU recorda ainda que o prémio tem de pagar IRS, o que fez com que os pouquíssimos enfermeiros que o receberam tenham visto entrar nas suas contas metade do valor que foi anunciado.

Amanhã, ao depositarem os cravos brancos à porta das câmaras municipais de norte a sul do País, no interior e no litoral, os membros do SITEU vão também simbolicamente chamar a atenção para os colegas que todos os dias estão a ser despedidos porque os seus contratos de trabalho estão a chegar ao fim. Ainda que a pandemia não tenha terminado e ainda que continue a aumentar o défice crónico de enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Para Gorete Pimentel, “esta é a paga por um ano de esforço sobre-humano, a situação agravou-se muito, os enfermeiros estão de rastos, não nos deixaram tirar férias, estivemos impedidos de apresentar a demissão ou rescindir contratos, mesmo os precários, ainda que os hospitais nos possam despedir. As horas extraordinárias são mais do que nunca a regra para todos nós, porque os nossos governantes não valorizam a saúde e não querem recuperar o SNS. Não contratam enfermeiros extremamente necessários para a prestação de cuidados de saúde seguros à população, optando por remendos como as horas extraordinárias.”

Gorete Pimentel considera que “todas estas medidas são um ataque à inteligência dos enfermeiros e dos portugueses, são uma forma baixa de fazer política, de ‘tapar o sol com a peneira’, remendando temporária e injustamente os problemas de base da profissão. Os enfermeiros exigem mais respeito por parte dos seus governantes depois de todo o esforço e dedicação prestados, acima das suas capacidades e apesar de todas as limitações encontradas, quer de recursos humanos, espaços físicos desadequados, e gestão ‘em cima do joelho’ que tão danosa e penosa foi, tanto para quem precisou de cuidados como para quem esteve na linha da frente a prestar esses cuidados”.

A presidente da direção do SITEU exige “políticas transparentes com diretrizes claras, não leis de maquilhagem, em que cada um faz o que quer, e se tiver a ética de o fazer, com consciência de Estado. Queremos honestidade na forma como se tratam os profissionais de enfermagem e que a liberdade não seja esquecida e sonegada nas leis laborais, que esta seja reposta, por um Estado melhor e mais democrático”.

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