“Ninguém está a salvo”. Os relatos das organizações de direitos humanos que acompanham a guerra civil na Síria apontam num mesmo sentido: o desaparecimento de civis é um facto diário e inegável. Uma rede destas organizações, a Syrian Network for Human Rights, adiantou à BBC que, desde o início da revolta popular contra o Presidente Bashar al-Assad, haverá mais de 28 mil desaparecidos.
Os números, todavia, poderão ser bem superiores, como outras fontes relataram à mesma cadeia britânica. “De acordo com a informação que nos foi dada pelos nossos contactos em cidades por toda a Síria, pensamos que pode haver até 80 mil pessoas desaparecidas”, disse Muhammad al-Hasani, da Sawasya, à BBC.
O objetivo é claro: há milícias que raptam civis para “aterrorizar famílias e comunidades”, como explicou Alice Jay, do grupo ativista Avaaz. A mesma fonte acrescentou: “os sírios estão a ser arrancados das ruas pelas forças de segurança e paramilitares e a desaparecer para celas de tortura. Sejam mulheres a fazer compras numa mercearia ou agricultores que vão buscar combustível, ninguém está a salvo”.
O grupo tem recolhido testemunhos para apresentar Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. “As pessoas são apanhadas na rua durante a noite ou quando ninguém está a olhar. O regime faz isto por duas razões: para se livrar diretamente dos rebeldes e dos ativistas e para intimidar a sociedade, para que não se oponha”, descreveu Alice Jay.
A guerra civil na Síria, que começou em março de 2011 com a tentativa de deposição do regime de Bashar al-Assad, terá provocado entre 18 mil, diz a ONU, a 30 mil mortos, segundo as contas do Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
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