Economia

Sindicato Registos e Notariado promete “verão muito quente” se não for ouvido

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Registos e Notariado (STRN), Arménio Maximino, avisou hoje que caso sejam ignoradas as reivindicações do setor vão aumentar as formas de luta e o verão será “muito quente”.

“Queremos que o primeiro-ministro olhe com muita atenção para o nosso setor, se não o fizer as manifestações, greves e formas de luta vão-se agudizar e teremos um verão muito, muito quente”, disse o responsável à Lusa durante uma manifestação dos trabalhadores em frente do Ministério das Finanças, em Lisboa, no dia em que o setor está em greve.

O STRN marcou para hoje uma concentração no Terreiro do Paço, centro da capital, seguida de marcha para o Ministério das Finanças (na praça ao lado), no mesmo dia em que os profissionais cumprem um dia de greve.

Arménio Maximino explicou à Lusa que a ação em dia de greve, que juntou cerca de duas centenas de trabalhadores, se destinou a sensibilizar o primeiro-ministro “para o caos instalado no setor dos registos”, com a falta de instalações condignas e de segurança e higiene nas conservatórias, seja para utentes seja para os trabalhadores.

“Faltam 1.500 trabalhadores, há mais de 20 anos que não entra um único trabalhador nos serviços”, acrescentou o sindicalista.

Nos motivos da greve e da manifestação, com palavras de ordem contra o secretário de Estado do Orçamento, João Leão, está também “o garrote” que as Finanças fazem a todas as medidas necessárias para o setor, disse ainda Arménio Maximino.

Um exemplo, afirmou, foi a recusa de João Leão de promover 510 trabalhadores, “tendo apenas autorizado numa primeira fase 35 e depois 249, contrariando todos os pareceres”, incluindo da secretária de Estado da Justiça, da direção geral da Administração e do Emprego Público, e da própria direção geral do Orçamento. Segundo o presidente do sindicato sem sequer ter fundamentado essa recusa.

As reivindicações do STRN chegam a quase duas dezenas de tópicos, mas Arménio Maximino salienta o “desinvestimento total” do Governo no setor.

E explica: Arrecadamos cerca de 600 milhões de euros por ano, desses cerca de 300 milhões são lucro e nunca são reinvestidos no setor, são canalizados ilegalmente para outros organismos.

“O que nós queremos é que haja investimento no setor, que dote o setor de condições adequadas, que tenham privacidade para atendimento dos cidadãos, que tenham dignidade quando estão à espera, que tenhamos equipamentos adequados para exercício das funções, porque os equipamentos estão obsoletos, temos computadores e impressoras com mais de 15 anos”, alertou.

As reivindicações não foram entregues na secretaria de Estado do Orçamento e nem sequer foi pedida audiência. O Governo, “que veio sempre dizendo que irá repor direitos e rendimentos e que está a fazer exatamente o contrário”, conhece essas reivindicações, disse o responsável à Lusa.

E se dúvidas houvesse ali estavam as reivindicações enumeradas num grande cartaz a encabeçar a manifestação em frente da secretaria de Estado, 17 reivindicações a par de mais uma dezena de recados e de críticas, a João Leão que “não respeita os trabalhadores nem o orçamento de Estado”.

“Senhor secretário de Estado João Leão, o dinheiro do Orçamento do Estado não lhe pertence”, dizia um grande cartaz exposto, enquanto noutro se podia ler: “Senhora secretária de Estado da Justiça, as suas decisões têm de ter mais força junto do seu colega das finanças”.

Mas foi João Leão o grande alvo dos trabalhadores, com apitos e buzinas, mas também um minuto de silêncio, de costas voltadas para a secretaria de Estado. “João Leão faz a promoção”, “João Leão és um trapalhão”.

O setor, segundo o sindicato, tem 4.788 trabalhadores.

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