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Serralves nas mãos de Pacheco Pereira, sem remuneração: “Não se ignore”

Um conhecido militante do PSD foi escolhido pelo Governo PS para gerir Serralves, a par de Isabel Pires de Lima. Pacheco Pereira quer que “não se ignore” o factor decisivo para ter dito sim ao convite: “Só aceitei por ser um lugar não remunerado e sem qualquer prebenda”.

O “aviso” foi escrito pelo próprio Pacheco Pereira, uma das poucas vozes do PSD que não se coíbe de dizer publicamente uma opinião contrária à da hierarquia, no blogue Abrupto.

“Face ao convite que me foi feito para a Administração de Serralves, devo dizer que só aceitei por ser um lugar não remunerado e sem qualquer prebenda, condição que coloquei ao convidante”, salientou o militante social-democrata.

“Faço parte igualmente de um Conselho de Patronos do Museu Vieira da Silva-Arpad Szenes, do Conselho Consultivo do Museu do Aljube e do Conselho Geral da Universidade do Porto”, lembrou ainda Pacheco Pereira, frisando que todos esses cargos são desempenhados “sem qualquer remuneração”.

Foi durante o fim de semana que se soube que o Governo de António Costa tinha nomeado o militante do PSD e Isabel Pires de Lima, uma socialista que foi ministra da Cultura, para administradores de Serralves.

Em comunicado, emitido pelo Ministério da Cultura, elogiou os dois escolhidos como “intelectuais portuenses de reconhecido mérito”.

No texto, o ministro João Soares lembrou que o Governo tem “a competência própria para escolher e nomear dois membros do conselho de administração” de Serralves e propôs que a instituição seja a primeira a exibir as obras de Joan Miró que ficaram na posse do Estado devido à nacionalização do BPN.

A escolha de Pacheco Pereira não surpreende pelo “mérito”, mas sim pelo facto de ser militante do PSD e uma das vozes mais críticas da atual liderança.

Basta lembrar que, ainda há poucos dias, o historiador marcou presença em eventos das candidaturas presidenciais de Sampaio da Nóvoa e de Marisa Matias, quando pela área do PSD o candidato é Marcelo Rebelo de Sousa.

Um deputado ‘laranja’, Duarte Marques, chegou mesmo a defender que Pacheco Pereira já devia ter abandonado o partido.

“Pacheco Pereira passa a vida a criticar o PSD e muitas vezes injustamente”, defendeu Duarte Marques: “Quando a raiva nos colhe a inteligência e a visão da realidade, devemos ser os primeiros a perceber. Ele devia sair”.

Na resposta, o militante ironizou: “Normalmente, a ‘silly season’ é no mês de agosto. Deve ser por causa das alterações climáticas, a ‘silly season’ estendeu-se até ao mês de dezembro”.

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