Cultura

Serralves e tutela lançam programa de investigação sobre obra de Siza Vieira

A Fundação de Serralves lançou hoje, em parceria com ministérios da Cultura e Ciência, o Programa de Investigação e Desenvolvimento sobre a obra de Álvaro Siza, que inclui dois concursos, um a realizar este ano e um segundo em 2020.

“Isto acaba por ser algo interessante porque não é um debate de momento, é contínuo. E porque aponta para a convergência de muitos saberes, para a relação com as artes e a tecnologia e a multidisciplinaridade. Centra-se em trabalho meu, o que muito me sensibiliza”, disse o arquiteto Álvaro Siza, que esta tarde participou na apresentação do programa.

Já à margem da sessão, o arquiteto, que é autor do Museu de Serralves – algo destacado pela anfitriã do evento, Ana Pinho, presidente do Conselho de Administração da Fundação de Serralves, que também lembrou que em 2015 Siza Vieira confiou a esta instituição parte do seu arquivo -, disse estar “particularmente interessado e satisfeito por ter sido lançado um programa de investigação sobre a arquitetura”.

“A investigação centrada na arquitetura, não como uma atividade estética, mas como tudo o que significa a arquitetura para a produção, para a vida das pessoas, para o contacto entre os países diferentes, a universalidade da arquitetura, tudo isso é de enorme importância”, apontou.

O protocolo que sustenta o Programa Integrado de Investigação e Desenvolvimento sobre a obra do Arquiteto Álvaro Siza Vieira foi assinado esta tarde em Serralves, no Porto, entre esta instituição e o Ministério da Cultura, bem como com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

“[O objetivo] é criar um corpo de conhecimento sólido e distintivo e profundo sobre a obra de Álvaro Siza Vieira. Programa com a missão de trazer profissionais de várias disciplinas para estudarem e complementarem o que se sabe [sobre o arquiteto], mas também abrir um debate multidisciplinar com engenheiros, sociólogos, arquitetos e outros que queiram participar no desafio”, referiu o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor.

De acordo com dados publicados na página da FCT, estes concursos, a realizar respetivamente em 2019 e 2020, visam múltiplas vertentes, nomeadamente projetos de arquitetura, tendo em conta a sua relação com os utilizadores dos espaços e respetivo enquadramento social ou a integração e a inter-relação das obras de arquitetura com os espaços envolventes, a cidade, a paisagem e o território.

São também vertentes dos concursos, a relação da arquitetura com as artes, nomeadamente o desenho, a escultura e o cinema e as artes aplicadas, e a materialização da arquitetura, incluindo estruturas, tecnologias e materiais e a sua relação com o desempenho e as condições envolventes.

O concurso apoiará projetos pelo período máximo de 24 meses, podendo ser prorrogável, no máximo, por mais 12 meses, em casos devidamente justificados.

As candidaturas, que têm de ser entregues em língua inglesa, estão abertas desde 29 de março até 16 de maio e o limite máximo de financiamento por projeto é de 120 mil euros.

No primeiro ano está prevista uma dotação orçamental de 600 mil de euros, tendo Manuel Heitor esclarecido, em declarações aos jornalistas no final da sessão, que, no total, para os dois anos, está prevista uma dotação de dois milhões de euros.

O governante apontou que criar este programa é, “no contexto português, uma opção de política pública praticamente inédita”, mostrando convicção de que será um programa “com identidade própria”, que poderá ser alargado ou copiado para outros autores ou áreas de saber.

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