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“Senti nojo. Houve um assalto de André Ventura à manifestação”

Manuel Morais, ex-dirigente sindical da PSP, manifestou-se preocupado com o “assalto de Ventura” à manifestação dos polícias no passado dia 21.

Em entrevista ao Expresso, o antigo vice-presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (o maior sindicato da PSP) acusou o deputado do Chega de “aproveitar muito bem” o descontentamento entre as forças de segurança para passar ideias de extrema-direita.

“Senti nojo”, afirmou: “Houve um assalto de Ventura à manifestação, o que não é admiração para ninguém atento. Se este é o caminho, preocupa-me muito”.

De acordo com Manuel Morais, conhecido por denunciar publicamente (numa tese de mestrado) o racismo nas polícias, as mensagens políticas de André Ventura deixam os agentes “empolgados”.

“Castigar mais quem comete um crime, culpar imigrantes, são as ideias que já todos conhecem”, reforçou.

O ex-sindicalista apontou também o dedo à infiltração do partido Chega no Movimento Zero ( M0), associado à extrema-direita.

“Quando na manifestação apareceu o Telmo Correia [CDS], ninguém ligou. Quando apareceu o André Ventura, que nunca fez nada na vida, parecia que tinha chegado Deus”, criticou.

O deputado do Chega já garantiu que a decisão de participar na manifestação dos polícias foi “espontânea”, mas Manuel Morais duvida.

“Ele tinha avisado que ia lá estar, era mais do que óbvio. Como é que os sindicatos não perceberam que ia acontecer?Reagir depois de acontecer é tarde demais”, complementou.

O ex-sindicalista, que é também antropólogo, alertou ainda para os alegados perigos do M0, “mais discreto” na promoção dos ideais nacionalistas.

“Há muitos apelos à discrição, mas a ideologia continua lá”, frisou, realçando que a constituição do movimento visa apenas a “desresponsabilização”, pois permite “dizer tudo” sob anonimato “e depois despir o fato”, concluiu.

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