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Sempre as calorias… Então e o açúcar que consome?

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De acordo com um estudo, reduzir o consumo de açúcar acarreta benefícios para a saúde, mesmo que não corte nas calorias, perca peso ou altere as rotinas de exercício físico. A investigação feita em crianças quis analisar os efeitos do açúcar na saúde e apresentou surpresas. E demonstrou que bastam nove dias para que o nosso metabolismo as denuncie, quer na redução da tensão arterial e do colesterol.

Estudo do hospital pediátrico Benioff, da Universidade da Califórnia (em São Francisco, EUA), foi publicado pela revista Obesity.

Se quiser perder peso ou combater efeitos da obesidade, talvez pense, em primeiro lugar, em reduzir as calorias que ingere às refeições. Mas, já pensou na quantidade de açúcar que consome?

Uma equipa de investigadores colocou esta pergunta e avançou da teoria à prática, para encontrar a resposta. O estudo quis perceber também os verdadeiros danos do açúcar no organismo e relacioná-los com maus hábitos hábitos alimentares.

Não estão em causa os malefícios do consumo de calorias ou do sedentarismo. Esses estão bem identificados e são inquestionáveis. Mas este estudo isolou o açúcar para perceber até que ponto pode ser inimigo na nossa dieta, no nosso organismo, no nosso metabolismo.

Os investigadores do hospital pediátrico Benioff recorreram a 43 crianças e adolescentes com idades compreendidas entre os 9 e os 18 anos. Todas elas tinham em comum um problema: obesidade.

Ao longo de nove dias, essas crianças foram submetidas a um plano alimentar que se assemelha à alimentação comum: refrigerantes, snacks, entre outros, mas com uma redução de açúcar.

A diminuição do açúcar foi assinalável e passou de 28 para 10 por cento. Também a frutose foi reduzida, de 12 para quatro pontos percentuais do total das calorias.

A primeira conclusão: bastam esses nove dias para que os primeiros bons resultados apareçam. Mas já lá chegaremos.

Durante esses dias, as crianças mantiveram na dieta a mesma quantidade de gorduras (comeram cachorros quentes e as tenebrosas batatas fritas), proteínas e hidratos de carbono. Já o açúcar foi retirado e substituído por amido, em cereais ou massas. As calorias estavam lá, o açúcar nem tanto.

Não era objetivo dos investigadores provocar a perda de peso daquelas crianças obesas, refira-se. Ou verificar se a redução de açúcar contribuiria para esse processo.

Apenas se pretendeu ver qual seria o impacto do ‘senhor doce’ em fatores de risco, desde a hipertensão aos níveis de colesterol, ambos relacionados com problemas cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais ou diabetes.

Por fim, os resultados. Apesar de a diminuição do açúcar ocorrer durante nove dias (apenas), verificou-se um impacto relevante na melhoria da saúde daquelas crianças.

Em primeiro lugar, baixou a tensão. Em segundo lugar, as gorduras no sangue desceram cerca de 30 por cento. Por último, o chamado ‘colesterol mau’ também caiu 10 por cento.

De acordo com Robert H. Lustig, pediatra, endocrinologista e principal autor do estudo, “todos os parâmetros metabólicos melhoraram apenas com a substituição do açúcar por amido nos alimentos processados”.

Lustig explicou também, em declarações ao Telegraph, que tudo isto foi conseguido “sem alterar a quantidade de calorias, peso ou hábitos de exercício físico”.

“As calorias do açúcar são as piores porque se transformam em gordura no fígado e provocam resistência à insulina e aumentam o risco de diabetes, doenças cardiovasculares e doenças do fígado,” assinala ainda Lustig, em declarações reproduzidas pelo i.

Assim, o pediatra defende que pelo menos tão importante como cortar os níveis de calorias será reduzir o consumo de açúcar. Este estudo sugere até que o metabolismo olha o açúcar como o seu pior inimigo.

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