Secretário de Estado rejeita “interesse próprio” ao sugerir laboratório de antigo sócio
João Paulo Rebelo, secretário de Estado da Juventude e Desporto, afirmou que não teve “interesse económico” quando sugeriu a empresa de um ex-sócio para a realização de testes à covid-19.
Em causa está a realização dos testes nos lares de Viseu por um laboratório privado que pertence a João Cotta, que para além de ter sido sócio de João Paulo Rebelo foi ainda vice-presidente da Assembleia Municipal de Viseu, eleito pelo PSD.
O laboratório ALS foi o escolhido para a realização dos testes, sem qualquer concurso público, pela Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões.
“Não havia tempo” para lançar o concurso e tinham sido “auscultados informalmente os laboratórios que realizavam testes” na região, explicou o presidente da CIM, citado pelo Jornal de Notícias, que acrescentou não ter conseguido contactar João Cotta.
No ‘olho do furacão’ ficou assim o secretário de Estado que tutela a resposta à pandemia na região Centro, João Paulo Rebelo.
Num esclarecimento enviado ao jornal Observador pelo Ministério da Educação, o governante confirmou ter sugerido “potenciar” o laboratório do ex-sócio, mas rejeitou ter “interesse económico” no caso.
“Não deixa de me causar uma enorme estupefação que se possa pensar que tive algum interesse próprio nesta associação que não fosse o de que – também na CIM Viseu Dão Lafões – se pudesse dar uma resposta eficaz a um problema que afligia, e aflige, todo o país”, sustentou João Paulo Rebelo, no texto enviado ao jornal.
O secretário de Estado sugeriu o laboratório do antigo sócio “pela importância da capacidade instalada”, com a realização de 100 testes diários para o Centro Hospitalar Tondela Viseu, sem deixar de “referir a existência de outros laboratórios privados que poderiam ser mobilizados nesta missão”.
Em declarações ao Jornal de Notícias, o governante tinha referido que “o envolvimento” dos laboratórios para a realização dos testes à covid-19 “foi sempre decidido pelos municípios”.
O jornal Observador questionou o Ministério da Educação sobre se mantém a confiança política em João Paulo Rebelo, não tendo recebido resposta.