Ciência

Este satélite quer ‘ver’ as ondas gravitacionais teorizadas há 100 anos

A Agência Espacial Europeia lançou hoje o LISA Pathfinder, um satélite científico que tem uma missão pioneira: descobrir ondas gravitacionais. Só existem na teoria, depois de Einstein as ter referido, há 100 anos, mas podem esconder segredos sobre os buracos negros e as supernovas.

O satélite europeu ‘partiu’ com um dia de atraso, pois um incidente técnico impediu a partida na data prevista (ontem).

Às 4h04, o Pathfinder ‘apanhou boleia’ do foguete Vega, lançado da base espacial da cidade de Kourou, na Guiana Francesa, segundo nota do centro de operações da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla internacional).

Às 5h50, o satélite desacoplou-se do foguete, terminando com sucesso a primeira fase de um processo complexo de afastamento progressivo.

“Recebemos com sucesso o primeiro sinal do LISA Pathfinder. Estamos extremamente contentes”, revelou Andreas Rudolph, diretor de voo do centro de operações da ESA, minutos após a separação de satélite e foguete.

O Pathfinder segue para a posição final, a 1,5 milhões de quilómetros da Terra, estando previstos que os próximos dez dias sejam ‘dedicados’ ao afastamento progressivo.

Porém, a operação envolve várias manobras críticas, o que vai obrigar 50 cientistas da ESA a dividirem-se por turnos para monitorizar o satélite.

Os módulos de propulsão serão ligados seis vezes, até dia 11, para que a órbita elíptica seja cada vez mais ampla. Depois, o satélite tem de esperar um mês para ligar os módulos de propulsão, de forma a continuar viagem em direção ao Sol.

No final de janeiro, o LISA Pathfinder deve atingir o Ponto Lagrange 1, o local ideal para o satélite ‘testar forças’, uma vez que nesta zona não há interferências: as forças de gravidade da Terra e do Sol anulam-se mutuamente.

Álvaro Giménez, diretor de Ciência e Exploração Robótica da ESA, explicou que só então começa “o desafio para os cientistas”, pois o satélite vai “tentar algo que nunca antes foi testado”.

E o que é esse “algo”? É avaliar o comportamento de duas massas cúbicas idênticas, com 46 milímetros de lado e dois quilos de peso, feitas de uma liga de metais de ouro e platina, que flutuam no interior de um complexo mecanismo que as mantém isoladas e controla todas as condições externas.

Separadas por uma distância constante de 38 centímetros, as massas serão avaliadas com a máxima precisão (até um picómetro, a trilionésima parte de um metro), uma vez que devem mover-se em perfeita sincronia dada a ausência de influência exterior.

“É uma missão muito ambiciosa”, revelou Giménez, mas também “apenas um passo, embora grande”, dentro de um projeto ainda maior.

O sucesso da missão será fundamental para o início do projeto eLISA, previsto para 2034: três satélites, cada qual com uma destas massas, que vão formar um triângulo de cinco milhões de quilómetros de lado.

Se foram confirmadas variações estas serão provocadas pelas ondas gravitacionais, teorizadas há 100 anos por Albert Einstein, na famosa Teoria Geral da Relatividade

Na teoria, as ondas gravitacionais do Espaço são ondulações produzidas no contínuo espaço-tempo por eventos muito violentos, como a explosão de uma supernova ou a fusão de dois buracos negros.

Apesar de nunca terem sido observadas, serão abundantes e conterão chaves sobre algumas das incógnitas fundamentais do Universo, como informações sobre o próprio Big Bang.

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