Economia

Santos Ferreira diz que decisões de crédito na CGD cumpriram normas existentes

O ex-presidente da CGD Santos Ferreira criticou hoje, no parlamento, o relatório da EY sobre concessão de crédito, que considerou “factualmente infeliz”, e afirmou que todas as decisões tomadas quando liderava o banco cumpriram as normas existentes.

“No período em que presidi ao Conselho de Administração da Caixa todas as decisões foram tomadas no estrito cumprimento das normas existentes na Caixa na altura”, disse Santos Ferreira na intervenção inicial da sua audição na Comissão de Inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD), considerando que a EY fez a análise sem se basear “nas normas da Caixa ao tempo”.

Carlos Santos Ferreiras fez hoje várias críticas ao trabalho da EY, referindo erros que diz ter detetado no documento (exemplificando com erros de datas sobre a aquisição de um banco pela CGD nos EUA, o Crown Bank), e considerou que o relatório tem “dados omissos, erróneos”, assim como “dados de apresentação pouco cuidada e pouco profissional”.

“O relatório da EY é factual mas factualmente infeliz”, vincou.

Santos Ferreira considerou ainda que este processo tem permitido “juízos de valor lesivos” e que houve quem o tivesse aproveitado para “ajustes de contas pessoais ou políticas”.

O relatório da EY, que deu origem à atual comissão parlamentar de inquérito à gestão do banco público entre 2000 e 2015, analisa concessões de crédito que acarretaram elevadas perdas para a CGD, vários dos quais durante a presidência de Santos Ferreira, de 2005 a 2008.

O gestor disse que muitos dos créditos com perdas foram concedidos em 2007 e considerou que “seria quase impossível que assim não fosse face à crise que se seguiu”, tendo citado análises que indicam que então tal não se perspetivava pelo que a crise foi inesperada.

Disse ainda que os bancos com que a CGD se compara também tiveram nos últimos anos de constituir elevadas imparidades (provisões para perdas com créditos), caso do BCP.

“Em momento algum aceito ser moralmente julgado com base em pressupostos que posso no mínimo classificar como ligeiros”, afirmou Santos Ferreira.

O gestor fez ainda uma análise aos resultados da Caixa de 2006 e 2007, concluindo que os resultados antes de impostos e interesses minoritários foram de 2.064 milhões de euros nesses dois anos e que mesmo que se deduzam a esses resultados todas as imparidades dos créditos concedidos em 2006 e 2007 que constam dos 25 mais problemáticos referidos no relatório que “mesmo assim seriam de 1.300 milhões de euros”.

“E se quiserem deduzir as imparidades de todos créditos concedidos neste período mesmo assim os resultados da Caixa rondariam os 900 milhões de euros”, acrescentou.

Santos Ferreira abriu a intervenção inicial perante os deputados citando o seu “amigo” Miguel Beleza, que disse em tempos que “contra argumentos, não há factos”, e entregou aos deputados um documento com a sua análise ao relatório da EY.

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