Economia

Saldo comercial da UE com África cai 22 por cento em 2017 mas é positivo em 20 mil milhões

O saldo positivo para a União Europeia das trocas comerciais com os países africanos caiu 33 por cento no ano passado, registando, ainda assim, um excedente de quase 20 mil milhões de euros, num total de 281 mil milhões.

De acordo com os números do Eurostat, o gabinete oficial de estatísticas da União Europeia, consultados hoje pela Lusa, nos últimos cinco anos o saldo das trocas comerciais só em 2014 foi negativo para os europeus, tendo desde então ficado em 21,8 mil milhões, em 2015, e depois em 28 mil e 19 mil milhões de euros em 2016 e 2017.

No total, as trocas comerciais entre o bloco dos 28 países comunitários e os 60 países e territórios africanos registaram, desde 2014, uma tendência de descida, só interrompida no ano passado, quando o comércio entre os dois continentes ultrapassou os 281 mil milhões de euros.

Em 2014, as trocas comerciais tinham ultrapassado os 311 mil milhões, tendo depois descido para 288 mil e 262 mil milhões nos dois anos seguintes.

O presidente da Comissão Europeia anunciou esta manhã, no seu discurso sobre o Estado da União, em Estrasburgo, uma proposta para uma nova “Aliança África-Europa”, que “aumente substancialmente” o investimento no continente africano e fomente emprego e trocas comerciais.

“África não necessita de caridade, precisa de uma verdadeira parceria equilibrada, e nós, europeus, também precisamos dessa parceria. Ao preparar este discurso, falei com os meus amigos africanos, designadamente com o presidente da União Africana, Paul Kagame, e concordamos que os nossos compromissos devem ser recíprocos. Nós queremos construir uma nova parceria com África”, declarou Jean-Claude Juncker, perante o Parlamento Europeu.

Segundo o presidente da Comissão, a relação da Europa com África não pode ser encarada numa perspetiva apenas de ajuda ao desenvolvimento, pois “uma tal abordagem seria insuficiente e até humilhante para África”, pelo que é altura de desenvolver uma parceria entre iguais.

A ideia de Juncker retoma o tom geral da cimeira entre os dois blocos, que se realizou no final do ano passado em Abidjan, a capital económica da Costa do Marfim, num contexto marcado pela crise migratória e pela necessidade de aumentar o desenvolvimento económico africano para combater a migração ilegal.

Juncker apontou que se trata de uma aliança centrada nos investimentos e empregos sustentáveis e, tal como a concebe, permitiria criar “até 10 milhões de empregos em África ao longo dos próximos cinco anos”.

A ideia passa por “criar um quadro que permita atrair investimento privado em África” e, nessa matéria, sublinhou, não se parte do zero, já que o fundo de investimento externo da União Europeia, lançado em 2016, “mobilizará mais de 44 mil milhões de euros de investimentos nos setores público e privado em África”.

“Concentraremos os nossos investimentos nos domínios onde os investimentos fazem efetivamente uma verdadeira diferença. Daqui até 2020 a UE terá apoiado 35 mil estudantes e investigadores africanos graças ao nosso programa Erasmus. Até 2027, o número ascenderá a 105 mil”, disse.

A outra vertente central da nova aliança será o comércio, com Juncker a apontar que 36 por cento do comércio de África já se faz com a Europa, mas as trocas comerciais entre os dois continentes são insuficientes.

“Estou convencido de que devemos transformar os numerosos acordos comerciais existentes entre a UE e África num acordo de comércio livre entre os dois continentes, uma parceria económica de igual para igual”, declarou.

TROCAS COMERCIAIS

2014…..311,0

2015…..288,1

2016…..262,2

2017…..281,0

EXPORTAÇÕES

2014…..154,6

2015…..154,9

2016…..145,4

2017…..150,1

IMPORTAÇÕES

2014…..156,4

2015…..133,1

2016…..116,7

2017…..130,8

SALDO COMERCIAL

EXPORTAÇÕES

2014…..-1,8

2015…..21,8

2016…..28,7

2017…..19,2

FONTE: Eurostat

Valores em milhares de milhões de euros

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