Ryanair ameaça funcionários que aderiram à greve, denuncia o sindicato
A Ryanair ameaçou, com uma nota interna de “apenas dois parágrafos”, os tripulantes de cabine em Portugal que aderiram à greve de 25 e 26 de julho, de acordo com a denúncia do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC).
Em declarações à TSF, o sindicalista Bruno Fialho revelou que a transportadora prometeu bloquear a progressão na carreira interna e cortar parte da remuneração a quem aderiu à greve, convocada à escala europeia.
“O que a carta diz é que quem fez greve não irá receber todos os bónus prometidos pela empresa”, adiantou o responsável do SNPVAC.
Em causa estão bónus que não incluem o salário base, mas que foi “uma promessa da empresa”.
“Outra das ameaças é a de que quem fez greve jamais será promovido dentro da empresa”, acrescentou Bruno Fialho.
Para o sindicalista, a nota interna serviu apenas para comprovar os argumentos que… levaram à greve de 25 e 26 de junho, a quinta na história da empresa.
“Parece que estão a insistir no mesmo modelo de gestão humana que nos obrigou, a nós e a outros sindicatos europeus, a ter uma greve”, salientou.
O sindicalista avisou que, “se a empresa não altera o seu modus operandi e a forma como trata os trabalhadores, não restará outra hipótese aos sindicatos senão prosseguir com a luta”, com mais uma greve à escala europeia.
Para o SNPVAC, pior do que a prepotência da Ryanair só a inoperância das autoridades europeias (especialmente em Portugal, Espanha, Itália e Bélgica) perante os reiterados “incumprimentos” das leis laborais.
“Já tentámos pressionar governos, mas os governos estão algemados ao poder económico da Ryanair e parece que não lhes interessa a vida das pessoas”, lamentou Bruno Fialho, referindo que os trabalhadores da transportadora se sentem “sozinhos nesta luta”.
Em Portugal, a greve de julho teve uma adesão de 70 por cento, segundo os sindicatos, com a empresa a assegurar que não houve interrupções na operação.
Na Alemanha, a Ryanair prometeu negociar um acordo de contrato coletivo de trabalho, depois dos sindicatos dos pilotos terem aprovado o endurecimento da contestação.