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Ryanair admite usar tripulantes estrangeiros devido à greve em Portugal

A transportadora aérea Ryanair informou hoje que usará “aeronaves e tripulantes” de fora do país “se necessário” para cumprir a operação de quarta–feira, o último de três dias não consecutivos de greve dos tripulantes de cabine de Portugal.

“Fomos notificados da possibilidade de greve por alguns elementos de tripulação de cabine em Portugal na próxima quarta-feira (04 de abril)”, segundo a transportadora de baixo custo, que espera “operar o horário completo, se necessário com recurso a aeronaves e tripulação de cabine de outras bases fora de Portugal”.

Numa nota escrita enviada à Lusa, a companhia volta a acusar tripulantes de outras transportadoras de organizarem e convocarem a paralisação e informou ter contactado, por escrito, com os “tripulantes de cabine da Ryanair em Portugal solicitando-lhes que coloquem os clientes em primeiro lugar e ignorem esta ameaça de greve”.

“Apesar de não esperarmos que muitos dos nossos elementos de tripulação de cabine adiram a esta greve, não podemos descartar a possibilidade de perturbação na nossa operação, e iremos contactar todos os passageiros afetados na quarta-feira, dia 04, por email e SMS”, lê-se ainda.

A transportadora tem considerado “desnecessária” a greve por ter enviado ao sindicato um “acordo de reconhecimento sindical assinado e ter concordado reunir-se com este organismo em Dublin no dia 09 de abril”.

Convocada pelo Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), esta greve reivindica a aplicação da lei nacional aos trabalhadores das bases da companhia em Portugal, nomeadamente quanto a baixas médicas e de parentalidade.

O sindicado tem denunciado, desde o início da paralisação, que a Ryanair substitui ilegalmente grevistas portugueses, recorrendo a trabalhadores de outras bases.

A empresa admitiu ter recorrido a voluntários e a tripulação estrangeira durante a greve.

Hoje, o ministro do Trabalho, Vieira da Silva informou que o Governo está a acompanhar a greve e admite punir a transportadora: “Estamos a acompanhar e a trabalhar com os agentes no terreno para que se possa dar uma resposta cabal de defesa daquilo que está em causa neste momento, que é o livre exercício do direito à greve”.

De acordo com o ministro, “o Governo pode fazer o que pode fazer sempre nestas situações — quando há indícios de que está a ser posto em causa um direito fundamental –, que é utilizar e mobilizar os instrumentos que a lei dispõe, seja contraordenacionais, seja punitivos, se for caso disso”.

A Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) tem, “desde a semana passada, vindo a acompanhar esta situação e a desenvolver todos os passos necessários para identificar situações que possam, eventualmente, ferir a legalidade do nosso quadro constitucional do direito à greve”, acrescentou o governante.

No domingo, a ACT anunciou ter desencadeado uma inspeção na Ryanair em Portugal para avaliar as irregularidades apontadas pelo SNPVAC.

A Comissão Europeia escusou-se a comentar os problemas da greve da Ryanair, considerando que se trata de um assunto de âmbito nacional.

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