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Ruanda: França julga pela primeira vez um suspeito do genocídio de 1994

Pela primeira vez desde o genocídio no Ruanda, em 1994, um militar acusado de cumplicidade vai responder perante a Justiça, em França. Pascal Simbikangwa terá “contribuído com a prática em massa e sistemática de execuções sumárias e outros atos desumanos, assim como genocídio”.

A Justiça francesa vai acusar um suspeito de ter participado no genocídio de 1994 no Ruanda, após duas décadas de passividade sobre os crimes praticados por tutsis e hutus. Pascal Simbikangwa, hoje com 54 anos, vai responder no Tribunal Criminal de Paris à acusação de ter “contribuído, com conhecimento de causa, com a prática em massa e sistemática de execuções sumárias e outros atos desumanos, assim como genocídio”.

Este primeiro processo a chegar aos tribunais já tem alguma história. Simbikangwa, que na época era capitão do exército ruandês (afeto ao regime do Presidente Juvenal Habyarimana, da etnia hutu), foi indiciado como autor de genocídio e de crimes contra a humanidade, mas o tempo fez cair a acusação para o crime de cumplicidade, enquanto a acusação por prática de tortura prescreveu.

O antigo militar, paraplético desde 1986, tem negado o envolvimento e a participação em ações de matança de tutsis, numa guerra civil que rebentou com o assassinato do Presidente Habyarimana a 6 de abril de 1994. Se for considerado culpado, Simbikangwa poderá ser condenado à prisão perpétua.

O ex-capitão, detido em outubro de 2008 na igreja francesa de Mayotte (onde vivia com uma identidade falsa), é acusado de ter organizado bloqueios para captura e execução de tutsis, assim como de ter dado ordens e entregado armas aos que os prendiam. Esses crimes, segundo a acusação, foram praticados em Kigali e na região de Gisenyi.

O genocídio no Ruanda tem sido um dos problemas da política internacional francesa, muito criticada pelas autoridades ruandesas pela “passividade” com que assistiram a uma guerra civil que matou mais de 800 mil pessoas. Os líderes da etnia tutsi consideram que a França foi a principal apoiante do massacre ao ‘fechar os olhos’ às matanças organizadas pelos hutus. Entre 2006 e 2009, os dois países cortaram as relações diplomáticas.

Redação

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