Presidente do Governo Regional dos Açores critica com ironia intenção do Governo em reduzir as emissões da RTP Açores e Madeira, para um horário entre as 19h00 e as 23h00. Carlos César lamenta que os açorianos só possam ver na televisão “atos preparatórios da missa do galo” e “a procissão do Santo Cristo à chegada”.

O custo dos canais regionais da RTP provocou medidas do Governo. O ministro Miguel Relvas considerou que 25 milhões de euros por ano para manter os dois canais dos Açores e da Madeira “é muito dinheiro”.

Nesse sentido, o executivo de Passos Coelho pretende avançar com uma redução dos horários de transmissão nos dois canais regionais da televisão pública: das 19h00 às 23h00.

Na Comissão de Ética, Cidadania e Comunicação, o titular da pasta dos Assuntos Parlamentares relevou intransigência, perante os custos da RTP Madeira e Açores.

“É muito dinheiro. Não pode ser”, disse Miguel Relvas, sustentando que a população açoriana e madeirense tem acesso, em antena aberta, aos principais canais da RTP.

Carlos César discorda da medida, por considerar que o Governo está a trilhar “um caminho perigoso”, que põe em causa “a coesão nacional”.

Segundo o presidente do Governo Regional dos Açores, “o Estado não pode querer poupar na soberania e na representatividade das regiões autónomas”, até porque tem muitas alternativas de poupança, dentro da estação pública de televisão.

“Sei, por exemplo, que a RTP/Porto tem mais de 400 funcionários, por exemplo. Dentro da RTP, há muito por onde cortar”, afirmou Carlos César. Mas a crítica do socialista entrou no campo da ironia.

“Fazer uma televisão nos Açores entre as 19h00 e as 23h00 significa que a população só poderá ver os atos preparatórios da Missa do Galo. O ‘Bom Dia’ emitido à noite. Os programas infantis ao jantar e a procissão do Santo Cristo à chegada”, disse.