O Governo não gostou de saber que a RTP comprou os direitos de transmissão da Liga dos Campeões. O ministro da Presidência criticou a estação pública por não respeitar as “orientações muito claras no sentido de que a RTP se afastasse desse tipo de concorrência”.
O Governo é contra a aquisição dos direitos de transmissão da Liga dos Campeões pela estação pública. Em conferência de imprensa, o ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares lembrou que, no ano passado, o executivo deu “orientações” no sentido inverso.
“Foi este Governo, quando as orientações ainda eram dadas por si e não desgovernamentalizadas, que deu orientações muito claras no sentido de que a RTP se afastasse desse tipo de concorrência com outros operadores”, salientou Marques Guedes.
Desde essa altura, o executivo abdicou do poder de influência, como recordou o ministro: “Neste momento, por opção deste Governo, foi aprovada já legislação no sentido de desgovernamentalizar as orientações que são dadas à empresa de rádio e televisão”.
Como o Governo é contra a compra dos direitos e dada a lei para “desgovernamentalizar as orientações”, a decisão final poderá caber ao Conselho Geral Independente da RTP.
“Eu espero sinceramente que o Conselho Geral se pronuncie sobre esta matéria. Faço votos para que o Conselho Geral não deixe, obviamente, de se pronunciar sobre esta matéria”, frisou Marques Guedes, lembrando que “os dinheiros públicos, do ponto de vista do Governo, não deveriam ser aplicados” na compra de direitos de transmissão de jogos de futebol.
“Numa empresa que, ainda por cima, tem dificuldades financeiras e num país que atravessa as dificuldades financeiras que atravessa, não deveria ser o operador público de serviço público a intrometer-se nesse mercado”, justificou o governante, sublinhando que “foram essas as orientações que o Governo deu quando a responsabilidade era sua”.
Quantos milhões?
A RTP ainda não se pronunciou oficialmente sobre os comentários do ministro da Presidência, mas emitiu um comunicado a negar que tenha proposto pagar 18 milhões de euros pelos direitos, como foi ontem avançado.
“Estranha-se, contudo, que sob forma anónima seja atribuída uma suposta vitória da RTP, com valores que nada têm a ver com os constantes da nossa proposta”, sustentou o Conselho de Administração, referindo que o concurso “está ainda a decorrer”.
Já os membros eleitos do Conselho de Redação (CR) “assinalam com satisfação”, em comunicado, “a possibilidade do regresso da Liga dos Campeões à RTP e encaram essa hipótese como uma demonstração da vitalidade do Serviço Público de Televisão”, isto sem desvalorizar “as preocupações manifestadas em relação aos custos envolvidos na compra de direitos televisivos”.
