{loadposition inline}Um homem que roubou quadros de pintores como Monet e Picasso, no museu Kunsthal, na Holanda, defende-se com uma acusação: a sua advogada culpa os responsáveis daquele espaço de descurarem a segurança, o que permitiu o assalto. Radu Dogaru, o assaltante, está a ser julgado, mas diz-se vítima de uma “violação da lei holandesa”.
A melhor defesa é o ataque. Este é o princípio da advogada do romeno Radu Dogaru, homem que assaltou o museu Kunsthal, em Roterdão, de onde retirou quadros de Monet e Picasso, entre outros pintores famosos, como Paul Gauguin e Henri Matisse.
O assalto ocorreu na madrugada de 16 de outubro de 2012. Radu Dogaru entrou no museu e conseguiu retirar seis quadros. As obras de arte nunca foram localizadas e há suspeitas de que tenham sido queimadas pela mãe do assaltante, como forma de se livrar das provas do crime.
As obras de arte pertencem à coleção privada da Fundação Triton. Foi a própria mãe do romeno, Olga Dogaru, quem confessou à polícia ter queimado as telas, avaliadas em dezenas de milhões de euros, na tentativa de impedir que o filho fosse condenado. Só que a polícia “não acredita necessariamente no relato”, como admitiu Gabriela Chiru, porta-voz da Procuradoria romena.
Olga Dogaru terá explicado que enterrou os quadros, primeiro num terreno de uma casa abandonada e posteriormente num cemitério, mas ficou assustada após uma busca da polícia, já com Radu Dogaru em prisão preventiva, e optou por queimar as telas dentro de uma panela grande, utilizando para esse fim pedaços de madeira, chinelos e outros combustíveis.
Mas a advogada deste romeno, apesar de pouco preocupada com o paradeiro dos quadros, coloca o dedo na ferida: quem é o culpado por esta negligência que permitiu a Radu roubar obras-primas do Kunsthal?
“Há uma negligência grave por parte do museu”, declarou a causídica, nesta terça-feira, durante uma sessão do julgamento do ladrão (o romeno já confessou que cometeu o crime), no Tribunal de Bucareste.
Segundo a advogada, Catalin Dancu, há uma falha “grave” dos responsáveis do museu, na sua missão de proteção de peças tão raras e valiosas como aqueles quadros com assinatura de grandes nomes mundiais. “Nenhum dos quadros estava equipado com alarme!”, acusa a advogada, que iliba o seu cliente.
Assim, Catalin Dancu exige que aquele espaço apresente os nomes dos responsáveis “por uma violação da lei holandesa”, no que diz respeito às medidas de segurança que deveriam ser adotadas e não o foram.
E depois deste julgamento poderá haver outro, já que a advogada promete “avançar com uma nova ação judicial”, na Holanda ou na Roménia, contra o museu Kunsthal.
Catalin Dancu considera que o museu deve ser responsável pelo pagamento de 18 milhões de euros à seguradora, de forma a compensar os danos financeiros do proprietário dos quadros.
Radu Dogaru, recorde-se, apropriou-se indevidamente de seis quadros, entre os quais ‘Cabeça de Arlequim’, de Pablo Picasso, e ‘Ponte de Waterloo’ e ‘Ponte de Charing Cross’, de Monet. No entanto, o culpado pode muito bem ter sido o museu.