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Ricardo Salgado na primeira pessoa, em livro sobre a queda do BES

‘BES – Os Dias do Fim Revelados’, livro em que Ricardo Salgado aborda todos os episódios que conduziram à queda do BES, vai ser lançado a 3 de março, no Grémio Literário em Lisboa.

A Chiado Editora prepara-se para publicar ‘Dias do Fim’, da autoria da jornalista Alexandra Almeida Ferreira. O livro é o resultado de uma extensa conversa com Ricardo Salgado, durante o período de prisão domiciliária na sua casa em Cascais.

A sessão de lançamento do livro está agendada para 3 de março pelas 18h30 no Grémio Literário, em Lisboa.

A apresentação da obra estará a cargo do professor António de Sousa, ex-governador do Banco de Portugal e ex-presidente da Associação Portuguesa de Bancos, e da engenheira Isabel Vaz, presidente-executiva da Luz Saúde, anterior Espírito Santo Saúde.

Ricardo Salgado põe fim a mais de um ano e meio de silêncio abordando de forma frontal, em discurso directo, todos os episódios que geraram alta tensão na família e que conduziram à queda do Grupo Espírito Santo, com especial destaque para o caso BES Angola que levou a uma dura troca de acusações entre Álvaro Sobrinho e os accionistas angolanos do banco.

Em vésperas da apresentação do livro, foram divulgados alguns excertos. “A pessoa que me falou, pela primeira vez, do Dono Disto Tudo foi o Manuel Pinho. Ele contou-me ´Sabe como lhe chamam agora? Dizem que é o Dono Disto Tudo´”, revela Ricardo Salgado.

“A ministra das Finanças assistiu! Isso é uma coisa que me choca! Nas reuniões em que ela convocava os banqueiros para apoiar as empresas públicas, dentro e fora do perímetro do Estado – dívida oculta –, quando os bancos estrangeiros estavam a pedir os reembolsos das operações de crédito. E assistiu sempre, e eu fui sempre a várias reuniões, ou iam colegas como o Dr. Amílcar e o Dr. António Souto, à enorme disponibilidade que o banco sempre teve para apoiar as empresas do Estado, a área não financeira do Estado. E eram emergências porque os bancos estrangeiros estavam a exigir os reembolsos. E o Governador, na mesma altura, dizia que era melhor que existissem mais bancos estrangeiros em Portugal. Quando eram os bancos estrangeiros que estavam a tirar o tapete ao Estado.”

Ricardo Salgado fala ainda numa intenção de fazer cair o banco, por parte de quem avançou para a resolução. “Eles sabiam que o BES ia desaparecer. Eles queriam que o BES desaparecesse. Resolveram aplicar a resolução. Porque é que recusaram dois investidores a quererem o aumento de capital? Acha normal depois exigirem em 48 horas uma recapitalização que era completamente inviável?”, pergunta.

Ricardo Salgado fala ainda de amizade e das lições que a vida lhe deu. “A conclusão a que chego passados todos estes anos é que amizades à séria contam-se pelos dedos de uma ou duas mãos. Mas essas valem tudo. Às vezes somos também surpreendidos pela positiva”, realça.

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