Economia

Ricardo Salgado: “BES não merecia este destino”

Ricardo Salgado foi a Tribunal por causa de um processo relacionado com uma das empresas do antigo ‘império’ BES e foi aí que clamou por justiça.

Em declarações à agência Lusa, à margem do julgamento do pedido de impugnação da contraordenação de 4,0 milhões de euros aplicada pelo BdP por comercialização de título de dívida da Espírito Santo Internacional (ESI) junto de clientes do banco, Ricardo Salgado disse esperar “sinceramente” que “se faça justiça”.

“O que nós não sabíamos é que havia uma enfermidade nas contas grave, que eu só vim a perceber em meados de novembro de 2013”, diz, salientando que quando teve conhecimento do passivo de 1,3 mil milhões de euros foi como “uma bomba que rebentou nas mãos” e uma “enorme surpresa”.

Ricardo Salgado, que lamentou o valor da reforma que recebe (ver aqui), aproveitou ainda para lamentar a atitude do governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, durante o processo que levou à falência do banco, numa altura em que o ex-banqueiro acreditava que seria possível “salvar” o banco.

Ricardo Salgado diz que Carlos Costa quis “fundamentalmente, justificar o desastre com a assinatura da resolução” do banco.

BES “não merecia este destino que veio a ter”

O antigo banqueiro aponta também críticas a Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho, na altura Presidente da República e primeiro-ministro, respetivamente, dizendo que lhes foi “pedir atenção” para a situação do banco.

E vai mais longe na mágoa, dizendo que o BES “não merecia este destino que veio a ter”, até porque “era o banco mais antigo de Portugal na época”.

“As raízes do banco tinham 150 anos e era a marca mais valiosa do mercado português. Recordo que ainda em 2011 a marca foi avaliada quase em mil milhões de euros e, mesmo em 2014, ainda teve uma avaliação de 650 milhões de euros, apesar das baixas enormes dos valores dos bancos provocadas pela crise”, disse o ex-presidente do BES.

Nestas declarações, Ricardo Salgado lamentou ainda que atualmente não existam “praticamente” bancos portugueses.

“É uma pena. Naquela altura ainda procuravam defender os bancos portugueses, naquela altura em que foram reprivatizados, porque o Estado português naquela altura não deixava os grupos estrangeiros deterem mais de um terço do capital dos bancos. Hoje não acontece e não há grupos financeiros portugueses”.

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