Categorias: Nas Notícias

Ribeiro e Castro: Um dissidente político no Clube dos Pensadores

Ribeiro e Castro foi o convidado do Clube dos Pensadores, a abrir o ciclo de debates de 2014/15, para fazer o seu balanço da legislatura PSD/CDS.

O convidado foi apresentado por Joaquim Jorge, logo no início do debate, como habitualmente feito pelo anfitrião, realçando o seu percurso político no CDS, governo e no Parlamento Europeu. Ou seja, estávamos diante de mais uma figura nacional que foi Presidente do CDS.

Ribeiro e Castro fez um diagnóstico da situação de Portugal, que considerou ser difícil. Elogiou Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque, que têm cumprido com o mandato da troika, que foi a única alternativa que o país teve depois de ter gasto o que tinha e o que era dos outros (credores). Aliás, foi um dos aspetos que correu bem ao Governo, esta relação com a troika.

No entanto, criticou o facto do Governo estar a vender tudo e deu o exemplo dos Correios. “Alguém algum dia imaginou que os Correios seriam privados? Estamos a ficar sem nada e a dívida não diminuiu”, concluiu.

O que correu mal na legislatura foi a falta de coesão da coligação PSD/CDS, que face à gravidade da situação nacional, deveria ter um desígnio tipo AD.

Não se sabe nada sobre a política europeia, sendo certo que o espaço de manobra é conquistado no palco europeu, onde Portugal está ausente.

A Reforma do Estado correu mal, não foi feita e tem faltado coragem para a impor ao país, porque não se pode viver com permanentes défices estruturais, razão da vinda da Troika, que evitou que o país desse um mergulho de chapa no fundo do poço.

Ribeiro e Castro criticou o facto do documento apresentado apresentar como palavra-chave “reformar não é cortar”, que pode parecer bonito, mas um erro político, porque reformar tem de significar cortar.

Precisa-se de políticos com clareza para reformar o Estado de modo que o país tenha capacidade de o suportar. Reformar é introduzir racionalidade ao Estado e permitir que a sociedade possa crescer. É preciso a cultura do exemplo.

Lembrou o discurso da tanga, de Durão Barroso, já lá vão 12 anos, para concluir que o problema não é recente, mas ninguém quis saber disso. Reformar é preciso e não só o Estado, mas também o sistema político.

Os eleitos têm de ter mais independência das chefias políticas, mais próximos dos cidadãos. Hoje os partidos, sem exceção cultivam a “consumadocracia”, ao contrário do passado em que havia debate e só depois a decisão. Hoje são os chefes que decidem e comunicam aos restantes “yes-man”.

Ribeiro e Castro disse que hoje os partidos políticos afastam quem queira participar, porque pessoas válidas e com boas intenções.

Sobre o comportamento dos dois partidos da governação não se entenderem acerca da coligação para as próximas eleições, Ribeiro e Castro foi cáustico, sugerindo que é porque ambos estão a preparar caminho para possível coligação com outro (o PS), o que é muito mau.

Joaquim Jorge fez algumas perguntas diretas a Ribeiro e Castro, como a sua candidatura à liderança, negada pelo convidado. Também questionou acerca do custo da democracia.

Ribeiro e Castro lembrou o caso da Alemanha, em que os partidos estão baseados em Fundações, que garantem uma certa qualidade no “recrutamento”, respondendo também a uma questão colocada pela plateia.

Esclareceu a questão de ser deputado pelo Porto, sendo ele de Lisboa. Gosta do Porto e quer fazer trabalho de círculo, mas a estrutura do seu partido no Porto dificulta-lhe a vida.

Da plateia veio uma pergunta semelhante: se um deputado não deveria representar a sua terra. Ribeiro e Castro concordou, mas lembrou que ele próprio já representou outras cidades e sempre com sentido de responsabilidade. Mas na verdade o seu entendimento de proximidade com o eleitor desfaz esta questão e responde.

Ribeiro e Castro diz que é otimista, mas que o falhanço é dos partidos, todos, que afastam as pessoas. Os partidos são nas várias regiões do país, delegações franchisadas dos chefes, que os representam. Os partidos deixaram de respirar a sociedade e o país precisa de um sobressalto cívico em 2015.

À questão colocada sobre a falta de qualidade da política e dos políticos, a falta de credibilidade dos políticos e a crescente crise agravada, pese embora as medidas de austeridade, se não tem medo que o povo se canse e redunde numa revolução, Ribeiro e Castro disse que estamos no fim de linha e de facto pode acontecer, só não acontecendo porque estamos na UE.

A Europa amortece a crise, mas é preciso fazer mais. Ribeiro e Castro enalteceu o papel do Clube dos Pensadores e do seu dinamizador, Joaquim Jorge. pela abertura dos partidos à sociedade civil.

Um bom debate a iniciar mais um ciclo que se antevê de qualidade, à guisa do que tem sido esta marca ao longo dos últimos quase nove anos.

Redação

Partilhar
Publicado por
Redação

Artigos relacionados

Números do Euromilhões de hoje: Chave de terça-feira, 30 de abril de 2024

Conheça os resultados do sorteio do Euromilhões. Veja os números do Euromilhões de 30 de…

há % dias

Euro Dreams resultados: Chave do EuroDreams de segunda-feira

Euro Dreams Resultados Portugal: A mais recente chave do EuroDreams é revelada hoje. Conheça os…

há % dias

As 4 principais falhas éticas dos líderes que mais prejudicam os trabalhadores

A propósito do Dia do Trabalhador conheça os maiores erros de ética empresarial Quando os…

há % dias

30 de abril, termina a Guerra do Vietname, que durou 16 anos

A Guerra do Vietname terminou a 30 de abril de 1975. Hoje, recorda-se o mais…

há % dias

Investigadores da UC desenvolvem aerogéis compósitos para criação de novas baterias sólidas

Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC)…

há % dias

Milhão: Onde saiu? Veja onde saiu o Milhão esta sexta-feira

Milhão: onde saiu hoje? Saiba tudo sobre o último código do Milhão de sexta-feira e…

há % dias