O convidado foi apresentado por Joaquim Jorge, logo no início do debate, como habitualmente feito pelo anfitrião, realçando o seu percurso político no CDS, governo e no Parlamento Europeu. Ou seja, estávamos diante de mais uma figura nacional que foi Presidente do CDS.
Ribeiro e Castro fez um diagnóstico da situação de Portugal, que considerou ser difícil. Elogiou Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque, que têm cumprido com o mandato da troika, que foi a única alternativa que o país teve depois de ter gasto o que tinha e o que era dos outros (credores). Aliás, foi um dos aspetos que correu bem ao Governo, esta relação com a troika.
No entanto, criticou o facto do Governo estar a vender tudo e deu o exemplo dos Correios. “Alguém algum dia imaginou que os Correios seriam privados? Estamos a ficar sem nada e a dívida não diminuiu”, concluiu.
O que correu mal na legislatura foi a falta de coesão da coligação PSD/CDS, que face à gravidade da situação nacional, deveria ter um desígnio tipo AD.
Não se sabe nada sobre a política europeia, sendo certo que o espaço de manobra é conquistado no palco europeu, onde Portugal está ausente.
A Reforma do Estado correu mal, não foi feita e tem faltado coragem para a impor ao país, porque não se pode viver com permanentes défices estruturais, razão da vinda da Troika, que evitou que o país desse um mergulho de chapa no fundo do poço.
Ribeiro e Castro criticou o facto do documento apresentado apresentar como palavra-chave “reformar não é cortar”, que pode parecer bonito, mas um erro político, porque reformar tem de significar cortar.
Precisa-se de políticos com clareza para reformar o Estado de modo que o país tenha capacidade de o suportar. Reformar é introduzir racionalidade ao Estado e permitir que a sociedade possa crescer. É preciso a cultura do exemplo.
Lembrou o discurso da tanga, de Durão Barroso, já lá vão 12 anos, para concluir que o problema não é recente, mas ninguém quis saber disso. Reformar é preciso e não só o Estado, mas também o sistema político.
Os eleitos têm de ter mais independência das chefias políticas, mais próximos dos cidadãos. Hoje os partidos, sem exceção cultivam a “consumadocracia”, ao contrário do passado em que havia debate e só depois a decisão. Hoje são os chefes que decidem e comunicam aos restantes “yes-man”.
Ribeiro e Castro disse que hoje os partidos políticos afastam quem queira participar, porque pessoas válidas e com boas intenções.
Sobre o comportamento dos dois partidos da governação não se entenderem acerca da coligação para as próximas eleições, Ribeiro e Castro foi cáustico, sugerindo que é porque ambos estão a preparar caminho para possível coligação com outro (o PS), o que é muito mau.
Joaquim Jorge fez algumas perguntas diretas a Ribeiro e Castro, como a sua candidatura à liderança, negada pelo convidado. Também questionou acerca do custo da democracia.
Ribeiro e Castro lembrou o caso da Alemanha, em que os partidos estão baseados em Fundações, que garantem uma certa qualidade no “recrutamento”, respondendo também a uma questão colocada pela plateia.
Esclareceu a questão de ser deputado pelo Porto, sendo ele de Lisboa. Gosta do Porto e quer fazer trabalho de círculo, mas a estrutura do seu partido no Porto dificulta-lhe a vida.
Da plateia veio uma pergunta semelhante: se um deputado não deveria representar a sua terra. Ribeiro e Castro concordou, mas lembrou que ele próprio já representou outras cidades e sempre com sentido de responsabilidade. Mas na verdade o seu entendimento de proximidade com o eleitor desfaz esta questão e responde.
Ribeiro e Castro diz que é otimista, mas que o falhanço é dos partidos, todos, que afastam as pessoas. Os partidos são nas várias regiões do país, delegações franchisadas dos chefes, que os representam. Os partidos deixaram de respirar a sociedade e o país precisa de um sobressalto cívico em 2015.
À questão colocada sobre a falta de qualidade da política e dos políticos, a falta de credibilidade dos políticos e a crescente crise agravada, pese embora as medidas de austeridade, se não tem medo que o povo se canse e redunde numa revolução, Ribeiro e Castro disse que estamos no fim de linha e de facto pode acontecer, só não acontecendo porque estamos na UE.
A Europa amortece a crise, mas é preciso fazer mais. Ribeiro e Castro enalteceu o papel do Clube dos Pensadores e do seu dinamizador, Joaquim Jorge. pela abertura dos partidos à sociedade civil.
Um bom debate a iniciar mais um ciclo que se antevê de qualidade, à guisa do que tem sido esta marca ao longo dos últimos quase nove anos.
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