Reunião do Eurogrupo: Sentença é conhecida antes do debate

O Eurogrupo vai reunir para tomar uma decisão sobre a Grécia, mas o resultado já é conhecido ‘antes do jogo’. Os responsáveis gregos vão tentar negociar a forma de pagamento da dívida após terem sido chamados de “irresponsáveis” pelo alemão Schäuble e a França evita qualquer compromisso.

Se a reunião do Eurogrupo de hoje fosse um Totobola, seria fácil acertar no primeiro prémio. Os ministros das Finanças encontram-se para tentar um compromisso sobre um tema onde ninguém se quer comprometer: a questão grega.

Um exemplo: o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, já revelou que vai pedir “tempo” aos parceiros europeus, mas o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, vai para a mesma reunião após criticado o “comportamento irresponsável” dos responsáveis gregos.

“Nós não queremos mais pacotes de ajuda. Em vez de dinheiro, precisamos de tempo para aplicar os planos de reformas. Prometo-vos: depois disso, em seis meses a Grécia será outro país”, antecipou Tsipras.

Só que a Alemanha não quer dar “tempo” aos “irresponsáveis” eleitos democraticamente na Grécia. “Sinto muito pelos gregos. Elegeram um Governo que, neste momento, comporta-se de maneira bastante irresponsável”, afirmou Schäuble (no vídeo em baixo, em alemão), numa entrevista que se tornou viral antes da reunião do Eurogrupo.

Só durante o fim de semana houve seis ministros da zona euro a conceder entrevistas ou a emitir opiniões públicas sobre a questão grega.

Há também os que, neste Totobola político e financeiro, apostam na cruzinha do empate. É o caso da Itália, que pede um compromisso sem sugerir os moldes do mesmo, e a França, que diz entender a posição dos gregos mas não se tem manifestado disponível para corresponder aos apelos do ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis.

A posição de Portugal também era conhecida antes do início da reunião. Passos Coelho tem repetido o discurso ‘alemão’ de que é preciso suportar a austeridade tal como foi ditada pela troika.

Com tantas decisões unilaterais tomadas à partida, o Eurogrupo deve terminar a reunião sem apresentar qualquer decisão.

As previsões apontam para que a Grécia atinja o fim do programa de resgate sem que exista um compromisso para apoiar o país no ‘pós-troika’, com as consequências a serem imprevisíveis: um país que está na zona euro vai ficar sem financiamento nos mercados e com uma dívida (que ninguém quer renegociar) para pagar.

https://www.youtube.com/watch?v=xCEBKVY1zxo