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Renault vai reunir-se “o quanto antes” após detenção de presidente da Nissan

O Conselho de Administração da Renault vai reunir-se “o quanto antes” para assegurar a defesa dos “interesses do grupo” na aliança com a Nissan, depois de o presidente daquela companhia ter sido hoje detido por alegada evasão fiscal.

Na sequência da detenção do presidente do grupo Nissan e da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi Motors, Carlos Ghosn, hoje em Tóquio, a fabricante informou em comunicado que se iria reunir na quinta-feira para decidir a saída daquele responsável.

Numa nota de imprensa publicada depois, a Renault informa que os responsáveis da empresa “tomaram nota do comunicado divulgado hoje pela Nissan”, sem nunca mencionar a detenção.

A Renault adianta que, “enquanto espera por mais informações específicas sobre Carlos Ghosn, os administradores expressam o seu compromisso em defender o interesse do grupo na aliança” com a Nissan, pelo que o seu Conselho de Administração se reunirá “o quanto antes”.

O presidente do grupo Nissan e da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi Motors, Carlos Ghosn, foi detido hoje em Tóquio, por alegada evasão fiscal, noticiou a imprensa local.

“O Ministério Público de Tóquio deteve Ghosn por suspeita de violação da lei”, segundo o canal televisivo público NHK e outros meios locais.

Em comunicado, o fabricante automóvel confirmou, com base em denúncias, uma “investigação interna nos últimos meses sobre conduta imprópria envolvendo o presidente Carlos Ghosn” e Greg Kelly, outro alto dirigente.

O documento referiu que a investigação mostrou que, “durante muitos anos, tanto Ghosn, como Kelly, têm registado valores de compensação, no relatório de valores mobiliários da Bolsa de Valores de Tóquio, que eram inferiores ao valor real”.

“Além disso, em relação a Ghosn, várias outras ações significativas de má conduta foram descobertas, como o uso pessoal de ativos da empresa, e o envolvimento de Kelly também foi confirmado”, lê-se no comunicado.

A Nissan deu informações ao Ministério Público do Japão e “cooperou plenamente com a investigação”, o que continuará a fazer, acrescentou a empresa, que pediu desculpas aos acionistas.

Além de presidente do grupo Nissan Motor, Goshn é também o homem forte das duas empresas que compõem a aliança com a Nissan, a Renault e a Mitsubishi Motors, e é considerado o homem de negócios estrangeiro mais influente no Japão.

Ghosn chegou à Nissan em 1999 como presidente executivo para liderar a recuperação do fabricante, com sede em Yokohama, depois de ter oficializado uma aliança com a francesa Renault.

Depois de ser tornar presidente das duas empresas, na década seguinte, Ghosn passou a homem forte da Mitsubishi Motors no âmbito do acordo subscrito em 2016.

Com 10,6 milhões de carros vendidos em 2017, a aliança Renault-Nissan-Mitsubishi alcançou pela primeira vez a liderança mundial do setor, batendo os seus mais diretos concorrentes: Volkswagen (10,54 milhões), Toyota (10,47 milhões) e General Motors (9,6 milhões).

No ano passado, a Nissan vendeu 5,81 milhões veículos, a Renault 3,76 milhões e a Mitsubishi 1,03 milhões.

Em 2017, a aliança franco-japonesa alcançou 5,7 mil milhões de euros em sinergias (economias de escala), superando a meta estabelecida para 2018.

Desde 2014, os três fabricantes de automóveis partilham setores de engenharia, produção e logística, compras e recursos humanos, com Ghosn a deter a presidência da aliança.

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