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Renamo está a trabalhar para resolver dissidências internas

A chefe da bancada parlamentar da Renamo disse hoje que o partido está “a trabalhar” para resolver dissidências internas, em alusão às contestações de um grupo de guerrilheiros que exige a demissão do presidente daquela força política.

“Estamos a trabalhar. A Renamo não expulsou os generais da Junta Militar [nome que se atribuíram os guerrilheiros que contestam a liderança do presidente da Renamo] e os próprios guerrilheiros não disseram que já não são do partido”, disse Ivone Soares, em declarações à Lusa.

Em causa estão as contestações de um grupo de guerrilheiros liderados por Mariano Nhongo, tenente-general da Renamo, e que se descreve como uma estrutura militar do partido “entrincheirada nas matas”.

O grupo considera que o acordo de paz assinado entre o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, e o presidente da Renamo, Ossufo Momade, é nulo, na medida em que, segundo o grupo, o atual líder não representa a ala militar do partido.

Para a chefe da bancada parlamentar da Renamo, apesar das contestações, não se pode falar de cisão no partido, tendo em conta que a diferença de opiniões é normal num grupo que se quer democrático.

“Internamente é saudável que se discutam opiniões diferentes, por isso é que somos o partido que trouxe a democracia. E temos que estar prontos para essa democracia. Não podemos ser nós os sabotadores da democracia que nós implantámos”, disse a líder parlamentar, manifestando o seu otimismo numa solução interna.

Nas primeiras declarações sobre os dissidentes, no dia da assinatura do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional ( 06 de agosto), Ossufo Momade classificou-os como um grupo de “desertores e indisciplinados”, mas mais tarde, no início deste mês, mudou de discurso, tendo pedido para que Mariano Nhongo “volte à razão”.

“Mariano Nhongo é um cidadão moçambicano e membro da Renamo e o que podemos fazer agora é pedir para que Nhongo volte à razão”, disse o presidente da Renamo, Ossufo Momade, falando na província da Zambézia, centro de Moçambique.

Apesar de as hostilidades entre Governo e Renamo terem cessado em dezembro de 2016 e de a paz ter sido formalmente subscrita através de acordos assinados em 06 de agosto, o grupo liderado por Mariano Nhongo permanece “entrincheirado nas matas”.

O Governo moçambicano e a Renamo já assinaram em 1992 um Acordo Geral de Paz, que pôs termo a 16 anos de guerra civil, mas que foi violado entre 2013 e 2014 por confrontos armados entre as duas partes, devido a diferendos relacionados com as eleições gerais.

Em 2014, as duas partes assinaram um outro acordo de cessação das hostilidades militares, que também voltou a ser violado até à declaração de tréguas por tempo indeterminado em 2016, mas sem um acordo formal.

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