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Relatório prevê subida de perturbações psiquiátricas nos territórios afetados pelos incêndios

O relatório final da comissão de acompanhamento na área da saúde mental estima que nos territórios afetados pelos incêndios haja um aumento de 01 por cento nas perturbações psiquiátricas graves e uma subida de 05 a 10 por cento nas perturbações ligeiras a moderadas.

A comissão de acompanhamento na área da saúde mental às populações afetadas pelos grandes incêndios de 2017 estima que “a prevalência pontual de perturbações psiquiátricas graves suba aproximadamente 01 por cento (de uma base de 02 a 03 por cento)” e aumente 05 a 10 por cento nas perturbações ligeiras a moderadas (de uma base de 10 por cento).

A restante população deverá “recuperar habitualmente sem patologia relevante”, conclui a comissão, no relatório final a que a agência Lusa teve acesso.

“Para responder a esta heterogeneidade de cenários, é necessário desenvolver um sistema com diversas camadas de apoio e intervenção, complementares entre si, que atenda às necessidades dos diferentes grupos”, defende a comissão de acompanhamento, presidida por António Leuschner.

A comissão considera que a resposta em saúde mental “foi célere e efetiva nos dois grandes incêndios da região Centro”, em junho e outubro de 2017, sendo que o facto de haver já no terreno equipas comunitárias de saúde mental “foi uma enorme mais-valia para a eficiência da resposta”.

Ao todo, as equipas comunitárias de saúde mental “realizaram perto de cinco mil consultas de psicologia e psiquiatria, e mais de um quarto desse número de domicílios de saúde mental relacionados com os incêndios”, sublinha o relatório.

Para além disso, a comissão considera também positiva a colaboração institucional com outras instituições, como os fuzileiros, autarquias, INEM, misericórdias e Cruz Vermelha.

Anexado ao relatório, está também presente uma proposta de folheto para distribuir junto das populações com soluções para lidar com o luto, feito pelo diretor do Centro de Bioética da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, António Barbosa.

Nesse documento, intitulado “O meu luto”, o especialista refere que partilhar as experiências vividas e os seus sentimentos com alguém de confiança ou com um profissional de saúde pode “contribuir para aliviar os sintomas e ajudar a lidar com os acontecimento e as memórias traumáticas”.

António Barbosa refere que o medo e a ansiedade, quando se tornam constantes e excessivos, poderão ser combatidos através de vários recursos, como respirar profunda e lentamente, organizar um diário ou participar num grupo de apoio.

Na proposta de folheto são também apresentadas medidas sobre como lidar com as insónias e com a má alimentação, apontando também para medidas de “autocuidado”.

O “autocuidado”, refere, pode assumir a forma de descanso e relaxamento, a prática de atividade física para libertar a tensão, o convívio com familiares e amigos ou falar sobre o luto, que pode ajudar a pessoa a “lidar com a perda”.

Para aniversários ou datas marcantes relacionadas com a pessoa que morreu ou a data em que a pessoa faleceu, António Barbosa define várias estratégias, nomeadamente anotar no calendário os momentos que poderão ser difíceis e pensar no que poderá fazer durante esses momentos.

No dia em concreto, a pessoa deve libertar-se das suas expectativas e das dos outros, fazer algo que normalmente não faria em memória do ente querido, criar um momento que honre e reconheça a perda ou falar “com o falecido”, interiormente ou em voz alta, sendo que esta forma de verbalizar o que a pessoa quer dizer pode “proporcionar conforto”.

O especialista aponta ainda para a importância da comunidade, da necessidade de se olhar para o futuro e da ajuda de profissionais que a pessoa pode e deve procurar.

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