O rei de Marrocos propôs na segunda-feira à Argélia um diálogo “direto e franco” com a criação de um “mecanismo político conjunto de diálogo e de concertação” para ultrapassar os diferendos entre os dois países vizinhos.
Num discurso na televisão, Mohammed VI falou longamente das relações entre Rabat e Argel, afirmando que estão “afastadas da normalidade e criam, de facto, uma situação inaceitável”.
A fronteira entre os dois países está fechada desde 1994 e o último encontro de chefes de Estado remonta a 2005.
“Desde que subi ao trono, apelei com sinceridade e boa-fé à abertura de fronteiras (…), à normalização das relações”, insistiu Mohammed VI, que sucedeu ao pai, o rei Hassan II, em 1999.
Para avançar, o monarca propôs um novo “mecanismo político conjunto de diálogo e concertação”, precisando que “o nível de representação no seio dessa estrutura, o seu formato e natureza deveriam ser definidos de comum acordo”.
Este mecanismo permitiria discutir “sem tabu” todas as questões bilaterais em suspenso e “colocar todas as queixas na mesa”, da droga e contrabando à questão do Saara Ocidental, disse à AFP um alto responsável governamental, falando sob anonimato.
A questão do Saara Ocidental perturba as relações entre os dois países há mais de 40 anos.
Apoiada pela Argélia, a Frente Polisário defende um referendo de autodeterminação para o Saara Ocidental.
Marrocos, que assumiu o controlo da maior parte do território a partir de 1975 após a retirada de Espanha, defende uma solução de autonomia, mantendo a sua soberania.
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