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Regressando de férias

O caminho é duro, difícil. Está cheio de pedras, pedregulhos que são necessários mover com toda a força para avançar. Cada um de nós, todos os dias, enfrenta desafios variados, que fazem doer o corpo e a alma mas sem os quais certamente nos sentiríamos menos humanos; muito menos humanos. É humana, perfeitamente humana a simbiose entre a dor e a realização pessoal.

A felicidade da humanidade reside em muito mais que apenas dinheiro, saúde e amor.

Esta é construída, talvez de uma forma imensamente irónica, pela dor, a dor de fazer.

Fazer tudo o que nos eleva, o que é duro e que jamais pensaríamos ter coragem de imprimir devido a todas as dificuldades e pedras (os tais pedregulhos) que temos de suportar, quebrar e empurrar para atingirmos o cume da montanha. Não é a vista de lá de cima que nos faz felizes mas tão só a forma como a atingimos, pelas barreiras que cortamos e que ultrapassamos. A felicidade não se traduz em andar 40 km de carro mas sim correr a maratona e…chegar ao final!

Poucas coisas se resumem a um fim, aliás quase nada se resume a um fim mas sim à forma de o conseguir. Neste caminho tumultuoso chamado vida o Homem é invariavelmente falhado por não conseguir nunca alcançar a totalidade dos seus objectivos. Essa fatalidade porém não deve ser vista como algo negativo mas sim como uma forma quase-perfeita de vivermos. Pobre daquele que alcance todos os seus objectivos porque aí começa a sua morte e pobre do que nada faz porque nunca chegou a viver.

De entre todos os desafios propostos pela vida aos seres humanos, os mais difíceis de cumprir têm a ver com os valores. Mais uma vez o importante não é criar mentalmente uma lista de valores pelos quais cada um de nós se guie. Realmente desafiador é não só cumprir os mesmos mas conciliar essa tarefa com o bem-estar daqueles que nos rodeiam. Parece-nos fácil demais sermos justos, bons, compreensivos, fiéis, verdadeiros caridosos, etc. A verdade, contudo, é que grande parte dos Homens falha ao colocar em prática o seu próprio código de ética.

Quanto mais difícil é o empreendimento mais preenchidos nos tornamos. O empreendimento mais complicado que cada um de nós tem pela frente é seguir uma conduta limpa. Arranjar o equilíbrio entre a satisfação do nosso egoísmo e os outros, conseguindo sempre sobrepor o segundo ao primeiro. Na realidade ser egoísta só é mau quando os outros são afectados por esse mesmo egoísmo logo, o mais importante é sabermos quando podemos ser egoístas e quando temos de colocar o outro acima dos nossos caprichos e vontades.

Fazemos todos parte de um mundo imensamente relativo no qual, aos poucos, valores muito concretos são, também eles, relativizados, numa tentativa de tornar mais maleável a consciência e o peso do certo e do errado. É contra isto que temos todos os dias de lutar, nunca virando as costas ao que acreditamos a ao que queremos fazer. Por muito que custe, por muito que doa, ser Homem é agarrar o difícil, até o impossível, e batalhar seguindo uma conduta precisa. Não pelos outros, mas por nós.

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