O cabo-verdiano Juvenal Mendes foi resgatado junto à costa do Brasil após 54 dias no mar. O náufrago, de 52 anos, atravessou o Atlântico depois de uma tempestade o ter afastado da rota onde pescava.

Está prestes a chegar ao fim a aventura de Juvenal Ferreira Mendes, o pescador que esteve 54 dias à deriva, percorrendo 2874 quilómetros muitas vezes em condições extremas.

O cabo-verdiano foi apanhado por uma tempestade, quando estava a pescar, e a pequena embarcação foi arrastada para o alto mar. Sozinho, Juvenal sobreviveu capturando água da chuva e comendo pequenos peixes.

Durante esses 54 dias, mais de 15 navios passaram pelo pequeno pesqueiro. Porém, mesmo com Juvenal a acenar por socorro, nem um só o socorreu.

À deriva, a embarcação acabou por ir parar… à costa do Brasil.

Quando o navio Ouro do Brasil, de bandeira libanesa, se aproximou do barco, no dia 18 de novembro, a surpresa foi geral: o pescador africano tinha atravessado o oceano Atlântico.

Só agora, porém, é que Juvenal poderá voltar a casa. Teve de esperar que as autoridades definissem a sua entrada no Brasil para poder sair, uma vez que um náufrago não pode ser considerado um imigrante ilegal, como explicou o delegado e chefe do Núcleo de Polícia Marítima da Polícia Federal brasileira.

“É uma situação expecional”, salientou Ciro Tadeu Moraes: “Ele tem interesse em voltar para casa. Como ele prestou depoimento na Capitania, se tiver algum interesse, a gente pede informações para a Marinha”.

Para a viagem, o Consulado de Cabo Verde em São Paulo emitiu um salvo-conduto, documento que permite a um cidadão sair do Brasil para regressar ao país de origem.

“Queríamos a documentação para que ele pudesse sair do país sem problema. O que gente fez foi certificar a entrada e saída dele no país”, complementou o delegado.

Hoje, Juvenal deixou Santos rumo a Fortaleza, de onde parte para Cabo Verde, onde deve chegar amanhã. A viagem foi paga pela Citrosuco, a empresa proprietária do navio Ouro do Brasil, o mesmo que resgatou o náufrago.